Líder do PSD-Porto está a ser empurrado para sair

Bragança Fernandes, que apoiou Santana, não encontra razões para ir embora e afirma que está de “alma e coração com Rio”.

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Bragança Fernandes esteve ao lado de Sanatna Lopes nas directas do PSD Nelson Garrido

As eleições para o PSD-Porto estão previstas para Julho, mas a pesada derrota que o líder da distrital sofreu no combate das directas, ao apoiar Pedro Santana Lopes, estão a deixar Bragança Fernandes numa situação de grande desconforto, segundo fontes sociais-democratas, que o vêem "sem condições políticas para se manter no cargo”. A assembleia da distrital do partido reúne-se nesta segunda-feira.

Num curto espaço de tempo Bragança Fernandes, que preside agora à Assembleia Municipal da Maia, averbou duas derrotas: nas autárquicas de Outubro - o partido obteve 17,73% no distrito -; e nas directas, que elegeram Rui Rio para presidente do PSD.

Bragança Fernandes afasta qualquer cenário de eleições antecipadas na estrutura a que preside e tenta descolar do apoio a Santana. "Havia dois grandes candidatos, ganhou Rui Rio e nós estamos todos unidos à sua volta”, afirma, sublinhando que está “alinhado” com o futuro presidente.

“Sou amigo de Rui Rio e estou com ele de alma e coração”, reforça Bragança Fernandes, revelando que ainda não conseguiu falar com Rio, só por mensagem. “Deve de estar muito ocupado”. Afirmando que só pretende pronunciar-se sobre o dossier distrital depois do congresso de Fevereiro, o líder da maior distrital do partido vai deixando cair que uma recandidatura ao cargo não está afastada.

António Tavares, que apoiou Rui Rio nas directas, participando na moção de estratégia global que este vai levar à reunião magna do partido, diz que é a favor do cumprimento dos mandatos, mas, neste caso, não tem dúvidas de que deveriam ser convocadas eleições antecipadas. “Todos nós somos a favor de que os mandatos sejam para cumprir na íntegra, mas é preciso ter condições políticas para tal e, neste momento, a minha leitura é que não existem condições para Bragança Fernandes cumprir o mandato", declara António Tavares, para quem, deveria haver eleições antecipadas para o PSD-Porto, após o congresso.

No mesmo registo, manifesta-se o deputado Firmino Pereira, que também apoiou Rio. “Bragança Fernandes deve sair e não se deve recandidatar perante os dois desaires que teve, primeiro nas autárquicas e agora nas eleições directas”, declara ao PÚBLICO.

Observando que o partido “não avaliou devidamente o mau resultado das autárquicas no distrito”, o deputado entende que com a “nova liderança deve de haver um novo ciclo politico na distrital e Bragança Fernandes não será o protagonista desse novo ciclo” Porquê? Porque – diz – “não tem condições políticas para continuar à frente da maior distrital do partido”. E acrescenta: “Bragança Fernandes apoiou uma candidatura que saiu derrotada na qual manifestamente se empenhou”.

Já o ex-líder da distrital, Virgílio Macedo, tenta por água na fervura. Ao PÚBLICO, diz que este é o tempo de “sarar algumas feridas que houve no distrito, não é o tempo da instabilidade”.

Mas Bragança Fernandes não é único a quem os militantes pedem contas. Miguel Santos, vice-presidente da distrital, também está debaixo de fogo por ter apoiado Santana, assumindo responsabilidades a nível da direcção da campanha. De resto, quer na Maia, onde Bragança Fernandes foi presidente de câmara durante vários mandatos, quer em Valongo, onde Miguel Santos preside à concelhia do PSD, Santana Lopes perdeu para Rui Rio.

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