Merkel aumenta pressão sobre SPD com encontro com Macron

Sociais-democratas decidem este domingo em congresso especial se negociam "grande coligação" com a CDU. Merkel diz que "não vê diferenças" entre acordo SPD-CDU e propostas de Macron para a integração da zona euro.

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Merkel e Macron aproximam-se em relação a reformas da zona euro Reuters
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A chanceler alemã, Angela Merkel, visitou esta sexta-feira o Presidente francês, Emmanuel Macron, para debater o futuro da Europa e marcar o 55.º aniversário da assinatura do Tratado do Eliseu entre França e Alemanha, que se celebra na segunda-feira.

No entanto, a ida de Merkel a Paris foi vista como tendo um objectivo interno: numa altura em que a liderança do Partido Social-Democrata (SPD) realiza um esforço para convencer os delegados a um congresso especial a votar a favor de um acordo de coligação com os conservadores, Merkel iria mostrar que está disposta a ceder nas reservas alemãs a algumas propostas de Macron face à maior integração na zona euro.  

Alguns membros do SPD gostariam de ver mais medidas emblemáticas para os sociais-democratas no acordo a que chegaram as lideranças dos partidos na semana passada, e há facções, ruidosas, a apelar a que o partido não aceite continuar as negociações. Neste acordo, a maior cedência dos conservadores aos sociais-democratas é justamente admitir mais integração europeia, maior financiamento alemão para a União Europeia, e transformar, como apresentara Macron nos seus planos para a zona euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade num verdadeiro orçamento europeu.

O próximo governo alemão foi o centro de perguntas dos jornalistas a Merkel, que se declarou “optimista” quanto a um voto favorável no Congresso do SPD (que fará ainda um referendo aos seus militantes a um acordo final de coligação). "Espero que depois de conversações exploratórias tão intensas o congresso do SPD dê luz verde às conversações de coligação".    

O líder do SPD, Martin Schulz, tem argumentado que a participação dos sociais-democratas num governo tem como grande ponto positivo a possibilidade de influenciar as reformas da União Europeia numa altura de iniciativa de Macron, que pediu um orçamento comum e um ministro das Finanças para a zona euro.

O anterior ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, deixou à saída do cargo após as eleições de Setembro do ano passo um documento rejeitando estas propostas de Macron – Schäuble, que entretanto está na presidência do Parlamento para fazer face à entrada da direita radical da AfD no hemiciclo, veio esta sexta-feira declarar que “não seria uma catástrofe” se a “grande coligação” não resultar. “Se resultar, óptimo. Se não, há outros modos de resultar”.

Em Paris, Merkel disse ainda que não vê “grandes diferenças” entre a visão de integração da zona euro de Macron e o documento de princípio assinado pela CDU/CSU e SPD. “Numa base alargada não vejo quaisquer diferenças”, disse a chanceler. “É uma Europa que tem de ter uma política externa comum para questões estratégicas, uma Europa que tem de criar as suas próprias políticas de desenvolvimento, uma Europa de defesa, e uma Europa que tem de ser forte economicamente”.

Em áreas como a harmonização fiscal das empresas, para evitar competição, e uma união bancária para a zona euro, os dois países poderiam fazer progressos rápidos, disse Merkel. Mas o documento assinado com o SPD é muito vago.

Macron afirmou, pelo seu lado: “Ainda temos de definir os detalhes, isso será o objecto das nossas discussões hoje e nas próximas semanas ou meses - definir um caminho que nos leve nessa direcção”.

O optimismo de Macron e Merkel contrasta com relatos de uma reunião anterior entre os ministros das Finanças Bruno Le Maire e Peter Altmaier que, mais cautelosos, avisaram que poderia ser difícil ter um acordo franco-alemão até Março, como previsto pelos líderes.

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