Há menos casos de gripe mas mortalidade continua acima do esperado

Actividade gripal está a diminuir. Em três semanas morreram mais cerca de mil pessoas do que era expectável.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

Os casos de gripe estão a diminuir e a mortalidade baixou ligeiramente. Mesmo assim, em três semanas, morreram mais cerca de mil pessoas do que era esperado para a época. Mas este excesso de mortalidade, desdramatiza a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, é substancialmente inferior ao que se verificou no Inverno passado, em que predominou um tipo de vírus de gripe mais agressivo, o AH3N2.

"Está tudo a desacelerar. O número de pessoas que adoecem e que morrem é menor do que em semanas anteriores", explica Graça Freitas. Por enquanto — e porque o vírus da gripe é muito imprevisível — "tudo indica que o pico da epidemia já terá sido atingido, mas vai ser necessário aguardar mais uma ou duas semanas para ver o que acontece", frisa.

O relatório de vigilância da gripe do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) nesta quinta-feira divulgado, e que se refere à segunda semana de Janeiro, indica de facto que a actividade epidémica era então de intensidade baixa “com provável tendência decrescente”. O vírus predominante era o do tipo B, que habitualmente provoca épocas de gripe mais moderadas e que, por norma, afecta mais as crianças.

Depois de, na semana passada, Graça Freitas ter especificado que em duas semanas tinham morrido mais 600 pessoas do que o expectável, o número de óbitos acima do esperado diminuiu na segunda semana de Janeiro, mas continua acima da linha de base da curva da mortalidade (construída a partir de estimativas das mortes esperadas para essa época do ano, tendo em conta a média de anos anteriores). Em três semanas, precisou no novo balanço efectuado na Direcção-Geral da Saúde, foram mais cerca de mil pessoas.

O facto de o vírus que está a predominar ser o B explicará que o excesso de mortalidade não esteja a ser tão expressivo como no Inverno 2016/2017, diz. É em épocas em que o vírus predominante é do tipo A que há mais mortalidade, porque este afecta mais os adultos, provoca mais casos e mais graves, acentua.

Nos últimos dados disponíveis relativos à segunda semana de Janeiro, segundo o boletim do Insa, a intensidade da actividade gripal diminuiu: a incidência de casos era então de 41,5 por 100 mil habitantes, numa continuação da tendência decrescente que já se fazia sentir desde a última semana de Dezembro, depois de se ter atingido um pico.

Nas unidades de cuidados intensivos que reportam dados (22) ao Insa, depois de se ter verificado "um aumento apreciável da proporção de casos de gripe" entre a penúltima semana de Dezembro e a primeira de Janeiro deste ano, na segunda semana observou-se "um decréscimo para cerca de metade, mas esta interpretação" deve ser "cautelosa, considerando o número de casos reportados", lê-se ainda no relatório semanal.

Também as temperaturas terão tido impacto na mortalidade: de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, depois de, no mês de Dezembro, o valor médio da temperatura mínima ter sido "inferior ao normal em -1,82°C", na segunda semana de Janeiro continuou abaixo (-1,76°C) do registado entre 1971 e 2000, nos meses de Janeiro, ficando-se pelos 2,78°C.

Olhando para o mapa europeu, e aqui o período analisado é a primeira semana deste mês, apenas dois países tinham então uma actividade gripal elevada, o Reino Unido e a Itália. Também aqui o vírus predominante é o do tipo B.

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