Santanistas começam a desenhar oposição a Rio

Luís Montenegro e Carlos Carreiras exigem vitória nas legislativas e excluem-se de uma futura direcção.

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Montenegro recorda que mantém “divergências, que são públicas, sobre estratégia política” com Rio DANIEL ROCHA

No dia em que Rui Rio começa a tomar conhecimento dos dossiers no partido – num encontro com Pedro Passos Coelho na sede nacional – há apoiantes de Santana Lopes a exigir já ao novo líder que construa uma alternativa à esquerda e ganhe as legislativas de 2019. Luís Montenegro auto-exclui-se da futura direcção de Rio e assume divergências sobre a estratégia polícia. Outro membro da equipa de Santana e ex-coordenador autárquico, Carlos Carreiras, lembra que o que falta para as legislativas é “mais do que tempo suficiente” para construir uma “proposta radicalmente alternativa ao socialismo”.

Com a pressão em torno da liderança da bancada parlamentar – de maioria santanista -, Luís Montenegro saiu em defesa do actual líder Hugo Soares. “A confiança do líder parlamentar depende exclusivamente da vontade dos parlamentares, essa coisa de pôr o lugar à disposição do líder do partido não existe, quando muito pode pôr à disposição da bancada”, disse o ex-líder parlamentar na TSF, no programa Almoços Grátis. Da parte de Hugo Soares há quem argumente que essa iniciativa tornava o líder fragilizado perante os seus pares. Mas há quem a veja como a iniciativa correcta, na medida em que Hugo Soares se assumiu apoiante de Santana Lopes, o candidato derrotado nas directas do passado sábado. Como Hugo Soares já disse, a decisão de sair da liderança da bancada e convocar eleições no grupo parlamentar só será tomada depois de uma conversa pessoal, "quando houver ocasião", com Rui Rio. Ou seja, a bola fica com o líder eleito do PSD.

 Sobre a futura direcção de Rui Rio, Luís Montenegro é clarificador. “Não faz sentido estar nesta direcção”, afirmou, alegando que fez parte da anterior, de Passos Coelho, e que tem “algumas divergências que são públicas sobre estratégia política” com Rio. Ou seja, sobre a viabilização de governos minoritários socialistas. Montenegro assumiu que “não estará fora do combate”, mas que não estará na linha da frente”. A divergência tem a ver com o pós-legislativas de 2019, em que Rui Rio admite viabilizar um governo minoritário do PS, uma das ideias mais polémicas da campanha.

No encerramento da campanha de Pedro Santana Lopes, na passada sexta-feira, Montenegro lembrava que “faltam 21 meses para o PSD ganhar as terceiras eleições legislativas consecutivas” e que é "o tempo para construir uma alternativa" à maioria de esquerda.

A mesma ideia foi apadrinhada por Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais. Num artigo publicado esta quarta-feira no jornal i, Carlos Carreiras escreveu que “faltam 21 meses para as próximas eleições legislativas”, que é “tempo suficiente para apresentar e consolidar uma proposta política radicalmente alternativa ao socialismo de Estado”.

Enquanto Rui Rio dá sinais de pretender a união do PSD – a ideia consta da primeira carta escrita aos militantes –, o partido parece não esquecer o último ano de liderança de Passos Coelho e a preparação da candidatura do ex-autarca do Porto. “Os militantes do PSD não farão a Rui Rio e à sua liderança o que alguns apoiantes da sua candidatura fizeram ao líder cessante. Ou seja, sem atiradores furtivos a dividir, sem militantes que vendam a alma ao diabo e sem aqueles para quem os fins justificam os meios, ‘unir o partido’ dependerá exclusivamente da vontade e da capacidade de Rui Rio”, lê-se no artigo de Carreiras, que também se exclui de uma futura direcção de Rui Rio.

Essa futura direcção começa agora a ser construída para se apresentar no congresso de Fevereiro. Para secretário-geral, há nomes fortes, como Salvador Malheiro, director de campanha, mas que é também presidente da Câmara de Ovar, o que torna difícil a compatibilização entre os dois cargos. Há quem o veja como porta-voz e coordenador da direcção de Rio. Para o cargo de secretário-geral é apontado Emídio Guerreiro, deputado e ex-secretário de Estado do Desporto.

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