Os últimos três anos foram os mais quentes desde que há registo

Análise foi feita pela Organização Meteorológica Mundial, que diz que 2016 continua a ser o ano mais quente desde pelo menos 1880. Em 2017, as temperaturas médias foram 1,1 graus mais elevadas do que o período "pré-industrial".

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Em 2017, Portugal e Espanha enfrentaram uma das secas mais severas de que há memória ADRIANO MIRANDA

Os últimos três anos (2017, 2016 e 2015) foram os mais quentes desde que começaram os registos de temperaturas, em 1880. A informação foi revelada nesta quinta-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU, que explica que no ano passado o planeta registou uma temperatura média 1,1 graus centígrados mais alta do que o período considerado “pré-industrial” entre 1880 e 1900.

Como explica o El País, o título de ano mais quente desde que há registo continua a pertencer a 2016, quando as temperaturas médias foram 1,2 graus mais elevadas do que o tal período “pré-industrial”. Mas nesse ano o planeta foi atingido pelo El Niño, o fenómeno climático caracterizado por correntes quentes no Oceano Pacífico e que tem elevado as temperaturas globais. Por isso, 2017 e 2015, ambos empatados no que às temperaturas diz respeito, são os anos mais quentes sem o El Niño.

“A tendência a longo prazo da temperatura é muito mais importante do que a classificação dos anos individuais. E essa tendência é ascendente”, explica em comunicado Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, citado pelo jornal espanhol. “Dezassete dos 18 anos mais quentes foram registados durante este século e o grau de aquecimento nos últimos anos foi excepcional. O aquecimento do Árctico foi especialmente pronunciado e isto terá repercussões profundas e duradouros ao nível do mar e nos padrões climáticos noutras partes do mundo”, continua.

Taalas esclarece também que o cenário terá de ser observado para lá das temperaturas, cujas alterações podem ser acompanhadas por situações meteorológicas extremas, tal como aconteceu no ano passado em alguns pontos do globo: “As temperaturas só contam uma pequena parte da história. O aquecimento em 2017 foi acompanhado por um tempo extremo em muitos países do mundo. Os Estados Unidos viveram o seu ano mais difícil em termos meteorológicos e de desastres naturais, enquanto outros países viram o seu desenvolvimento abrandado ou revertido por ciclones tropicais, inundações ou secas”.

No ano passado, Portugal e Espanha enfrentaram uma das maiores secas de que há memória potenciada pelas elevadas temperaturas e falta de chuva durante um largo período.

Por outro lado, foi agora publicado um estudo na revista Nature, citado pelo Guardian,  que revê em baixa os dados mais pessimistas da ONU sobre o aquecimento global, concluindo que a temperatura global do planeta não vai aumentar quatro ou cinco graus até 2100 como o calculado anteriormente, colocando a fasquia em cerca de metade.

Utilizando uma nova metodologia, a equipa liderada Peter Cox, professor na Universidade de Exeter em Inglaterra, diz ter conseguido balizar de forma mais exacta a previsão para o aumento das temperaturas à face da Terra nos próximos quase 100 anos. Segundo este estudo, as temperaturas deverão aumentar entre 2,2ºC e 3,4ºC, sendo os 2,8ºC a fasquia mais provável.

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