Sindicatos de professores de novo unidos em protesto contra o Governo

Dez estruturas sindicais, entre as quais se contam a Fenprof e a FNE, exortaram o Governo a cumprir compromissos.

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Mário Nogueira acusou o Governo de ter uma postura ditatorial nas negociações LUSA/MIGUEL A. LOPES

Os sindicatos da educação reuniram-se nesta quarta-feira para deixar um aviso ao Governo de que "ou honra os compromissos" assinados em Novembro, ou os professores entram em luta, e não vão esperar pelo fim do ano para o fazer.

"O que estamos a pôr em cima da mesa são exigências, de facto, em nome dos professores, ao Ministério da Educação e ao Governo. Estamos a dizer-lhes que não admitimos que estejam agora a negar na prática o que a 18 de Novembro foi negociado pelas partes. Estamos a dizer-lhes que não admitimos uma postura negocial que não é negocial, é ditatorial", disse o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, em conferência de imprensa.

O líder da Fenprof falava em nome das dez estruturas sindicais, que se reuniram nesta quarta-feira e que a 18 de Novembro assinaram com o Governo uma declaração de compromisso relativa ao descongelamento, reposição e progressão na carreira docente que, do ponto de vista dos sindicatos, não está a ser respeitada pelo executivo.

Não só exigem a reabertura de negociações relativas ao acesso ao 5.º e 7.º escalão da carreira, já dadas por terminadas, sem o acordo dos sindicatos, e do reposicionamento de um grupo de docentes que entrou na carreira já depois do congelamento das carreiras na função pública, como exigem abertura negocial para as matérias que ainda serão discutidas.

"Não decidimos nada hoje, porque hoje queremos avisar o Governo que é preciso mudar a forma como tem estado nos processos negociais, honrar os compromissos de Novembro. Se isso acontecer, ainda bem, porque a melhor luta é sempre aquela que não é preciso fazer. Se não acontecer, não teremos nenhuma dificuldade em avançar para a luta", disse Mário Nogueira.

Sobre a série de reuniões que os sindicatos da educação ainda vão ter com o Governo sobre as carreiras (a primeira está marcada para o próximo dia 24), Mário Nogueira disse que terminadas as negociações os sindicatos voltam a reunir-se, em final de Janeiro ou início de Fevereiro, para tomar decisões e analisar que "formas de luta mais avançadas" podem ser desenvolvidas se o Governo não ceder.

Em cima da mesa estão manifestações ou greves, que podem ser de um dia, de uma semana ou às avaliações do 2.º período, que não estão sujeitas à determinação de serviços mínimos, como acontece nos exames nacionais, referiu Mário Nogueira, que não descartou também a hipótese de os sindicatos aproveitarem como momento de luta o dia 8 de Março, em que se vão assinalar os 10 anos da grande manifestação de professores que em 2008 levou 100 mil docentes à rua, em oposição ao modelo de avaliação docente da então ministra Maria de Lurdes Rodrigues.

"Se o Governo ou o Ministério da Educação pensam que, como em anos anteriores, vão arrastar estes processos negociais para o final do ano, porque depois se cria mais dificuldade em lutar, porque depois vêm os serviços mínimos dos exames, não vão ter essa possibilidade, porque não vamos deixar que isto seja empurrado para o período em que é difícil poder lutar", disse o líder da Fenprof.

Decidido ficou já que, ainda esta semana, os sindicatos vão enviar uma carta aberta ao primeiro-ministro, António Costa, a expor a situação e a pedir uma audiência, e pedir que nas fases de negociação suplementar solicitadas pelos sindicatos à tutela, que são fases de negociação política, as reuniões aconteçam em mesa única, com todos os representantes sindicais sentados à mesma mesa negocial.

"Tendo as negociações chegado a uma fase que não é positiva, mas impositiva, vamos chamar os colegas para se concentrarem junto ao Ministério da Educação nestes momentos de negociação política", adiantou Mário Nogueira. 

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