Portugueses sentem-se mais seguros, diz barómetro da APAV

Com dados comparativos entre 2012 e 2017, inquérito a 600 pessoas de todo o país feito por Associação Portuguesa de Apoio à Vítima indica que só 10% sente insegurança. Clima de "paz social" ajuda a explicar parte de resultados.

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Apenas 3% disse ter sido vítima de crime ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

O sentimento de insegurança em Portugal diminuiu nos últimos cinco anos, revela o Barómetro da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e Intercampus, sob o tema Criminalidade e Insegurança. Só 10% dos inquiridos considera a zona onde reside como perigosa ou insegura, quando em 2012 essa percentagem era de 19%, mostra o resultado de um questionário com 600 entrevistas telefónicas distribuídas por Portugal continental à população com 15 e mais anos. Dessa amostra, 53% é do sexo feminino e 47% do sexo masculino.   

Segundo o documento, que irá ser apresentado esta quarta-feira, comparativamente ao questionário aplicado em 2012 há uma descida do sentimento de insegurança em vários aspectos: face à zona residencial, à segurança em termos pessoais, aos bens pessoais e à experiência pessoal nos últimos 12 meses.

No item assaltos e agressões, mais de 75% dos inquiridos declara não ter medo, um sentimento que era mais baixo em 2012 com apenas 58% a afirmá-lo. No entanto, o medo aumenta quando se analisa a opção “outras zonas” além daquela onde o inquirido reside e trabalha: aí 52% dos que declararam ter medo escolheram essa opção. E é mais alto para quem tem mais de 65 anos e vive nas zonas do Alentejo e Algarve.

3% disseram ter sido vítima de assalto e agressão

Também diminuiu o número de pessoas que têm medo de assalto à sua residência, por um lado, ou que o seu veículo seja alvo de furto ou dano, por outro: passou de 52% para 34% no primeiro caso, e de 64% para 44% no segundo caso.

Quanto a assalto, agressão ou outro apenas 3% disse ter sido vítima de algum desses crimes, quando em 2012 era 5% da amostra. Já quando se questiona os inquiridos sobre se conhecem alguém vítima de assalto, agressão ou outro crime nos últimos 12 meses essa percentagem sobe para 18%.

Esta diminuição tem várias interpretações, e uma delas tem a ver com o facto de estarmos num período em que há "mais paz social”, analisa Carmen Rasquete, secretária geral da direção da APAV. “O outro inquérito foi feito em 2012, no auge da crise económica. Um ambiente de maior pessimismo leva a que se faça um mimetismo para outras áreas da vida”, explica.

Por outro lado, apesar de a APAV ainda estar a analisar os dados do ano passado, afirma que estes resultados não têm correspondência com o número de vítimas que os procuram, que não diminuíram. “Neste inquérito estamos a falar de insegurança na rua, mas na esfera privada essa diminuição não existe."

A especialista explica: "Não há uma relação de causa efeito entre a criminalidade sofrida e o sentimento de insegurança: posso não ter sido vítima de nenhum crime mas ser mais susceptível e ter medo.”

Os resultados da sondagem foram analisados a partir de informação recolhida através de entrevista telefónica, com base em questionário elaborado pela Intercampus, entre os dias 24 de Outubro e 11 de Novembro.

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