CTT abrem 14 postos para compensar encerramento de 22 estações

Os CTT vão abrir 14 postos de correio como forma de compensar o encerramento de 22 estações. Sindicato mantém protestos e entrega na Assembleia da República petição com nove mil assinaturas a exigir o regresso da empresa à esfera pública

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Enquanto a gestão prossegue com alterações à rede, o SNTCT entregou na AR petição para reverter a privatização fvl Fernando Veludo/NFACTOS

Os CTT anunciaram esta quarta-feira que “pretendem abrir 14 novos pontos de acesso [à rede postal] em outras tantas localidades onde irão transferir as actuais instalações”. Tratam-se de postos que vêm compensar o encerramento das 22 estações recentemente confirmado pela empresa. Estão em causa localizações como Termas de S.Vicente (Penafiel), Arco da Calheta (Madeira) e Lavradio (Barreiro), adianta a empresa.

Trata-se da abertura de novos postos que “estão já acordados ou em negociação final com autarquias e entidades comerciais locais” e, com eles, os Correios asseguram que, “em todas as localizações dos 22 pontos transferidos, a população mantém acesso ao atendimento dos CTT a 1 km ou menos da anterior localização”.

Além disso, a empresa liderada por Francisco Lacerda sublinha que estas “medidas de ajustamento da rede de oferta” não vão limitar a oferta dos serviços. “Estes novos 14 pontos de acesso e irão manter disponíveis ao público a totalidade dos serviços postais, incluindo o pagamento de vales de prestações sociais e o envio e levantamento de encomendas”.

Actualmente existem 1700 postos de Correios espalhados pelo país. Defendendo que pretende permanecer alinhada com “os critérios de densidade postal previstos no contrato de concessão do Serviço Postal Universal”, a empresa controlada pela Gestmin, holding de Manuel Champalimaud, diz que o saldo do processo de encerramento de lojas será “uma redução máxima de oito pontos de acesso”, como resultado do “encerramento/transformação” de 22 lojas próprias (estações) e da abertura de 14 novos postos de correio (serviços entregue a terceiros).

“Mesmo deduzindo estes oito pontos, o total de pontos de acesso em 31/12/17 seria de 2362, valor superior em 23 aos existentes em 31/12/16 (2339)”, frisam os CTT.

A empresa também salienta que o “ajustamento da rede de pontos de acesso dos CTT em nada afecta a distribuição postal”, que é realizada pelos carteiros, uma rede autónoma da rede de atendimento”.

Petição pelos CTT públicos chega ao Parlamento

A abertura dos novos postos "não dá garantia nenhuma em termos de qualidade do serviço", defendeu ao PÚBLICO o dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) José Oliveira.

"Nós temos a experiência do que tem sido feito nos últimos anos, e, além disso, esses postos não podem ser fiscalizados pela Anacom", queixou-se o sindicalista, questionando o facto de, em muitos destes pontos que foram abertos nas juntas de freguesia, "serem os dinheiros públicos a financiar uma empresa privada". Isto porque, segundo José Oliveira, são as juntas que têm de assegurar o salário do trabalhador que faz o serviço postal "com o pouco dinheiro que têm".

Quando os primeiros contratos dos postos foram assinados (o processo de transformação de estações em postos começou em 2009), as juntas "tinham direito a receber cerca de 400 euros, depois esse valor baixou para 200, e em alguns mais recentes já se deram ao luxo de dizer às juntas que se queriam manter o posto, teria de ser a custo zero para os CTT, que só lá punham as máquinas", assegurou.

Frisando que "a destruição de uma empresa com 500 anos não pode continuar" e que os sindicatos "vão prosseguir com um conjunto de acções" de protesto, José Oliveira confirmou que o SNTCT entregou esta quarta-feira na Assembleia da República uma petição com nove mil assinaturas a pedir a reversão da privatização da empresa. "Entretanto, já nos chegaram envelopes com mais umas centenas de nomes que temos de ir acrescentar à lista", adiantou o dirigente sindical.

"Se eu, sem me perguntarem nada, tive de pagar quatro bancos, então não me venham dizer que não há dinheiro para reverter a privatização", disse José Oliveira, quando questionado sobre as objecções levantadas pelo Governo quanto a esse cenário de reversão.

"A vontade política cria-se", sublinhou ainda, acrescentando que o SNTCT está a aguardar resposta a um pedido de reunião com o ministro que tutela o sector, o ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques.

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