No Europeu da dívida, o Benfica continua em destaque e o Sporting em alerta

Estudo da UEFA mantém o Manchester United no topo dos devedores, ainda que as contas dos “red devils” estejam equilibradas.

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guilherme marques

A UEFA pintou nesta quarta-feira de cinzento, mais ou menos carregado, as contas dos três maiores clubes portugueses. Num contexto em que o fair-play financeiro tem ajudado a travar excessos, o Benfica mantém o estatuto de segundo emblema da Europa com maior dívida líquida, embora os indicadores do Sporting, que surge no 20.º lugar do ranking, sejam tão ou mais preocupantes. O FC Porto, apesar da multa que lhe foi aplicada pelo organismo há cerca de seis meses, apresentava, em 2016, um perfil de menor risco que os rivais.

Se atentarmos apenas aos números, sem contexto, constatamos que o Manchester United é o rei da dívida líquida — um conceito contabilístico diferente do de passivo, que inclui a dívida (bancária, por exemplo) e as responsabilidades decorrentes do ciclo operacional (como contas a pagar a fornecedores ou obrigações fiscais), e que para efeitos deste estudo engloba as dívidas de curto e longo prazo (empréstimos bancários e outros empréstimos, descoberto bancário e contas a pagar a partes relacionadas) subtraindo ao resultado o dinheiro em caixa e seus equivalentes. De volta aos "red devils", a verdade é que o clube de Old Trafford é também recordista de receitas e precisa, por exemplo, de menos de um ano de proveitos para cobrir os 561 milhões de euros de dívida que apresenta.

Logo a seguir ao United surge o Benfica, com 309 milhões de euros, que, ainda assim, traduzem uma trajectória positiva (queda de 8%) face ao ano anterior, de 2015. No caso dos “encarnados”, aponta a UEFA que seriam necessários dois anos e meio de receitas para pôr as contas em dia, sendo que a dívida em questão representa 110% dos activos de longo prazo — no caso, entendidos como a soma dos activos fixos tangíveis e dos passes dos jogadores.

É neste rácio que o Sporting apresenta um comportamento mais preocupante. Tal como o FC Porto, também os “leões” saltaram para o top20 em 2016, e embora ocupem o último lugar da lista, com 133 milhões de euros de dívida líquida (montante que subiu 29%), este valor ascende a 250% dos activos de longo prazo — o quarto rácio mais elevado da tabela, só superado pelos dos clubes turcos. O outro indicador disponibilizado no relatório sustenta que o Sporting precisaria de dois anos de receitas para saldar a dívida.

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Em 16.º lugar, surge o FC Porto, com 161 milhões de euros de dívida líquida, que traduzem um acréscimo de 30% face a 2015. Apesar de ter sido o clube, entre os três “grandes” de Portugal, em que este indicador mais cresceu, o FC Porto é o que apresenta a dívida mais sustentável, de acordo com o estudo divulgado pela UEFA, correspondendo a 70% da soma dos activos tangíveis e os direitos económicos dos futebolistas (o activo total inclui mais parcelas que aqui são excluídas pela UEFA). De resto, este valor só é superado por Liverpool, Valência, Lyon e PSG, todos com 60%.

Numa perspectiva global, a tendência na Europa é de redução da dívida dos clubes, desde que o fair-play financeiro foi aplicado. De 60% do total das receitas em 2010, esse rácio caiu para 51% em 2011, para 40% em 2015 e para 35% um ano depois.

Notícia corrigida às 16h35: foram retiradas todas as referências ao passivo e substituídas por dívida líquida, que é o indicador utilizado pela UEFA

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