Pela primeira vez, a Nespresso escolheu uma ilustradora portuguesa para desenhar as caixas de uma edição limitada, chamada "As origens míticas do café". Mariana Rodrigues, 31 anos, desenhou as caixas de Arrabica Ethiopia Harrar e de Robusta Uganda, que são lançadas nesta quarta-feira em todo o mundo, e para o fazer inspirou-se na "cultura, no lugar onde o café nasce, nas pessoas, ou seja, em tudo o que é necessário para este café se tornar único”, conta ao PÚBLICO, acrescentando que os seus trabalhos são quase sempre baseados na desconstrução da natureza. Por exemplo, “nas ilustrações criadas para a Nespresso foram representadas raízes, já que como são elas que dão origem ao café acabam por se tornar num dos elementos fundamentais”.

Além da pesquisa, procura imagens de referência e outras inspirações para enriquecer o seu trabalho. É assim que a obra de Mariana Rodrigues nasce. De seguida, faz os esboços que mostra aos clientes e, finalmente, dá vida aos seus trabalhos através de “cores mais coloridas”, como o verde, que está quase sempre presente naquilo que sai das suas mãos. “Normalmente, faço tudo através do computador, é mais fácil caso queira mudar algum traço ou alguma cor. Apesar de a técnica ser digital, pinto como se pintasse à mão. Escolho a opção “pincel” ou a opção “lápis” e pinto, pedacinho a pedacinho, layer a layer”.

Depois de ter estudado Design Gráfico, na ESAD de Matosinhos, e de ter trabalhado na área durante cerca de cinco anos, em 2013 decidiu dedicar-se só à ilustração. “Estava no Porto a trabalhar, mas sempre quis viver no estrangeiro, então em 2012 mudei-me para Zurique e, em 2013, para Tóquio, onde decidi começar a trabalhar só como ilustradora.” Um ano depois, acabou por sentir a necessidade de regressar à Europa, para um país mais próximo de Portugal, acabando por se mudar para o Reino Unido.

A trabalhar, actualmente, como freelancer em Londres, já trabalhou para a Vogue Japan, já ilustrou a marca de gin Bombay e também trabalhou para a British Heart Foundation. No entanto, guarda o sonho de colaborar com “outras grandes marcas como a Gucci, a Valentino ou a Vista Alegre”, enumera. Ainda sem data prevista, Mariana pretende criar uma marca de padrões em nome próprio.

“Por incrível que pareça, o trabalho que mais prazer me deu foi o da Nespresso. Sinto orgulho no resultado final”, confessa. Além de ter desenhado algo relacionado com a natureza, também lhe agradou o facto de existir uma história e por ter sido desafiada a representar o ser humano, o que nunca tinha acontecido antes. “Acabei por representar elementos das tribos destas regiões a dançar e a praticar rituais em redor do café”.

Texto editado por Bárbara Wong