"O nosso primeiro-ministro está a ser escolhido hoje", diz-se no Porto

Militantes compareceram em força para escolher o novo líder do partido. Luís Filipe Menezes votou pouco tempo depois das urnas terem aberto, mas não quis revelar em quem votou

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Rui Rio mostra-se confiante na vitória LUSA/FERNANDO VELUDO

No Porto, o PSD esmerou-se na mobilização para as eleições directas e eram muitos os militantes que na tarde deste sábado passavam pela sede da distrital do partido para votar para a eleição do novo presidente social-democrata, que vai suceder a Pedro Passos Coelho. Próximo de Rui Rio, o novo líder da distrital do PSD-Porto, Alberto Machado, destacou a grande mobilização do partido nas directas, interpretando-a como um “enorme sinal de vitalidade do partido”.

“Nós estamos a escolher a figura do partido que vai defrontar António Costa nas legislativas de 2019. O nosso primeiro-ministro está a ser escolhido hoje e, por isso, acho que os militantes estão a vir em massa exactamente para darem a sua opinião sobre o nosso candidato a primeiro-ministro”, reforçou o dirigente.

As urnas abriram pelas 14 horas e o desfile de militantes anónimos de caras conhecidas começou de imediato. O antigo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, que teve uma postura de equidistância ao longo de toda a campanha, foi uma das primeiras figuras mediáticas a votar. À chegada, Menezes falou aos jornalistas, mas não desvendou em quem votaria, mantendo uma posição recatada até final do processo eleitoral.

O candidato à liderança do PSD e arqui-rival de Menezes, Rui Rio, haveria de chegar sorridente e à hora marcada com a imprensa (16h30), à sede da distrital, na companhia de dois amigos de Coimbra e antigos militantes da JSD: João Paulo Mendes e Maló de Abreu.

No final da votação, Rio disse que as eleições directas não são uma “questão de vida ou de morte” e mostoru-se “confiante” na sua eleição. O PSD “está em condições de se relançar de uma forma muito melhor da que estava há dois ou três meses”, assumiu.

Outra figura conhecida que passou pela sede da distrital e que recusou revelar o sentido do voto foi Carlos Brito. O antigo ministro da Defesa Nacional congratulou-se com a afluência às urnas e embora seja contra as eleições directas, não quis deixar participar na escolha do novo presidente do partido. “Tenho saudades dos congressos em que se discutia política a sério, em que se discutia em vez de se insultar as pessoas, mas dura lex sed lex e, portanto, aqui estou a votar”, declarou ao PÚBLICO.

”Nestes meus quarenta e tal anos de militância partidária, já vi muita coisa, desde o anúncio da morte prematura do PSD e outras coisas do género, e o partido lá se foi mantendo, tropeçando aqui, tropeçando acolá, e cá continua”, afirmou, deixando uma proclamação: “É preciso incentivar e trazer para a política as pessoas com menos de 40 anos. Esta geração está a ser sacrificada pelos mais velhos”. Quanto aos dois candidatos em disputa, Rio e Santana, disse apenas que já têm mais de 60 anos. “Não são tão velhinhos como eu, mas aproximam-se…”, declarou entre sorrisos.

Carlos Brito lamenta, em declarações ao PÚBLICO, que a campanha das directas se tenha convertido num “processo de mostrar as pessoas em vez de se discutir verdadeiramente política”.

Fernando Cardoso, com pouco mais de 50 anos, é um militante anónimo, que votou este sábado pela primeira vez em eleições directas. Ao PÚBLICO, o ex-bancário falou da importância dos militantes se mobilizarem para a escolha do novo líder do partido e não escondeu que tem preferência por um dos candidatos, sem revelar qual. Nessa escolha pesou a pessoa em si, mas também o projecto político para o partido e para o país.

Fernando Cardoso, que ingressou nas fileiras do PSD apenas há três anos, acredita que o partido tem oportunidade de ser relançado se “o vencedor” for o seu.

“Os militantes estão interessados nesta eleição e que querem manifestar a sua vontade, independentemente do candidato que cada um venha a escolher”, sublinhou Alberto Machado, da estrutura local, citando o exemplo de alguns militantes já com muita idade e com problemas de saúde que quiseram votar naquela que, frisou, “é a eleição mais importante que temos na vida interna do partido, que é a eleição do seu presidente”.

O dirigente discorda do modelo das directas com este formato e, por isso, deixa uma sugestão: “Para mim, as eleições deveriam ser directas com os militantes a manifestarem-se, mas no domingo de manhã do fim-de-semana do congresso. Durante o congresso, quinta, sexta e sábado, deveríamos debater o partido e depois, no domingo, os militantes e os delegados ao congresso deveriam escolher em função da discussão o líder do partido”.

Indiferente ao formato das eleições internas, Ana Fonseca Cardoso abandonou as instalações da distrital do PSD-Porto com a consciência do dever cumprido. “Estas eleições são muito importantes não só para o PSD, mas sobretudo para o país. O país precisa de ter um rumo sério e honesto e o partido nestas eleições dá-nos a escolher uma pessoa séria e honesta que é o dr. Rui Rio. Estou com muita esperança que o futuro se mostre mais risonho, porque o país está estagnado embora digam o contrário”, afirmou Ana Fonseca Cardoso ainda pouco habituado à militância partidária.

Secretária de administração, a militante acredita que, com Rio ao leme, o partido tem condições para se relançar, mas não esconde que se o PSD terá “um problema” para resolver se não conseguir ganhar as eleições legislativas a António Costa, em 2019.

Estas são as oitavas eleições directas no PSD e, de acordo com os cadernos eleitorais, no Porto havia 1495 militantes com capacidade eleitoral, ou seja, com quotas pagas.

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