Em Lisboa, há uma fila para “Marias” e uma para os outros

Centenas de militantes engrossaram as filas num hotel de Lisboa para escolher o futuro líder.

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Santana Lopes votou em Lisboa LUSA/MARIO CRUZ

Diz-se que Portugal é o país das “Marias” e isso parece atravessar gerações e até partidos políticos. As muitas centenas de militantes sociais-democratas que este sábado esperavam a sua vez, num hotel em Lisboa, para votar nas eleições internas acabaram por se dividir (por opção da organização) em duas filas: a fila das “Marias”, mais lenta, e a dos outros nomes todos, de A a Z.

Ao longo da tarde, o átrio do hotel esteve sempre cheio de militantes que esperaram, mais ou menos pacientemente, para entrar na sala onde estavam dispostas as mesas com as urnas de voto. Alguns vieram em família e trouxeram as crianças, outros estavam sozinhos. Das carteiras iam saindo os cartões com o símbolo do PSD, uns mais brancos, outros mais amarelados pelo tempo. “Boa mobilização é bom para o Rio”, dizia satisfeito um social-democrata apoiante do ex-autarca do Porto.

Não eram só as directas para o líder do PSD que estavam em causa. Os militantes também escolhiam a comissão política concelhia e os delegados ao congresso de Fevereiro. “Está à procura da sua mesa de voto?”, perguntava Sofia Vala Rocha a quem aparentava estar perdido no meio da confusão. A ex-candidata na lista do PSD à Câmara de Lisboa - que contestou a cabeça de lista, Teresa Leal Coelho, na véspera das autárquicas, e a forma como Passos Coelho geriu o dossier da capital -, lidera uma das três listas de delegados ao congresso. Fê-lo por “responsabilidade” e por “humildade” depois do que afirmou publicamente contra a candidata da sua lista e o líder do partido. Concorre, explica, com militantes que “nunca se tinham candidatado a nada” e contra a lista liderada pelo mandatário nacional de Rio, Nuno Morais Sarmento, e outra por Paulo Quadrado.

Nem só militantes do PSD encheram a sala mais "laranja" de todo o hotel. Alguns apenas se limitaram a acompanhar familiares - como foi o caso de Fernando Lima, ex-assessor de Cavaco Silva. Outros que já deixaram o partido, como Jorge Nuno de Sá, ex-líder da JSD, também quiseram sentir o ambiente. Foi um dos colaboradores próximos de Santana Lopes e é nele que aposta para vencedor destas directas.

A afluência às urnas em Lisboa – que é das maiores concelhias, com perto de 4700 sociais-democratas com quotas pagas – também surpreendeu pela positiva Nunes Liberato, antigo chefe da Casa Civil de Cavaco Silva na Presidência da República. Este apoiante de Rio faz um balanço positivo da campanha: “Os debates não extravasaram o razoável e discutiram-se ideias”.

Foi com revelações que o debate aqueceu nos últimos dias. José Pacheco Pereira, outro apoiante de Rui Rio, adiantou, no programa Quadratura do Círculo, da SIC, que Santana Lopes já quis formar um partido. Mas, abordado por jornalistas quando estava na fila para votar, Pacheco Pereira não quis falar.

Entre figuras públicas, anónimos ou militantes históricos – como Conceição Monteiro – os sociais-democratas, apoiantes de um e de outro candidato, cruzaram-se ao longo da tarde no hotel em que o PSD também costuma reunir o conselho nacional. “Unir o partido” parece ser a mensagem que tanto Rui Rio como Santana Lopes querem passar agora que será conhecido o vencedor. 

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