Após a aproximação, o Sp. Braga tenta puxar o tapete aos “grandes”

Neste século, os minhotos deram um salto em frente e reduziram o fosso que os separa dos eternos candidatos ao título. Se vencerem hoje o duelo com o Benfica, alcançam os “encarnados” no terceiro lugar.

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Benfica e Sp. Braga já se defrontaram duas vezes nesta época: na Liga e na Taça da Liga MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Basta olhar para o percurso do Sp. Braga desde o arranque do século para se perceber quão sustentada tem sido a evolução: uma equipa que nas duas décadas anteriores só por uma vez tinha terminado o campeonato em quarto lugar transformou-se, a partir do ano 2000, num problema sério para os candidatos ao título, surgindo nada menos do que 10 vezes no top 4 nas últimas 17 edições da prova. É com este lastro — e com a possibilidade de assaltarem o terceiro lugar da tabela — que os minhotos recebem hoje (20h30, SportTV) o Benfica, no arranque da segunda volta da Liga.

Há três pontos a separarem, actualmente, o tetracampeão nacional de um Sp. Braga que tem revelado consistência q.b. e que tentará equilibrar a balança nos duelos directos com os “grandes” (na primeira volta, perdeu com Benfica e FC Porto e empatou em Alvalade, com o Sporting) para se aproximar ainda mais do sonho que António Salvador, o presidente do clube, tornou público há uns meses: “Quero o nosso Sp. Braga campeão nacional, quero voltar a conquistar a Taça de Portugal e quero manter o Sp. Braga como terceira equipa portuguesa no ranking das competições europeias”, enunciou.

Os sinais de crescimento são evidentes, a nível desportivo e estrutural, ou não estivesse em marcha a construção da Cidade Desportiva, projecto ambicioso que deverá ficar concluído em 2021, data do centenário do clube. Depois de épocas consecutivas a rondar o 10.º lugar no campeonato, nos anos 50 e 60, o Sp. Braga foi ganhando protagonismo de forma progressiva, conseguiu três quartos lugares em 1977-78, 1978-79 e 1983-84, antes de ter escorregado e tombado para a 15.ª posição em 1993-94.

Essa foi, porém, a excepção à regra, ainda que o verdadeiro salto qualitativo tenha demorado quase uma década. Com a chegada de António Salvador à presidência, em Fevereiro de 2003, os minhotos foram subindo degraus e incomodando cada vez mais os candidatos ao título. De entre a dezena de quartos lugares registados desde 2000-01, o destaque vai para a temporada 2009-10, que viu os bracarenses disputarem o título com o Benfica praticamente até à última curva da competição, para terminarem em segundo lugar. Duas épocas depois, voltariam a intrometer-se entre os “grandes”, fechando a prova na terceira posição.

Pelo historial recente, pela qualidade do plantel (um dos mais bem apetrechados de sempre) e pela competência do treinador, “ficar nos quatro primeiro lugares” é hoje encarado como um objectivo que começa a saber a pouco. Abel Ferreira, técnico dos minhotos, assume que a ambição de Salvador e dos adeptos não difere da sua, mas sublinha que é preciso contextualizar.

“Os jogadores revêem-se nessa ambição, mas também já lhe disse [ao presidente] que não quer ganhar mais do que eu. O Sp. Braga já foi terceiro e quarto, mas os candidatos estavam ‘constipados’. Agora temos que estar cheios de saúde e esperar que possam ter uma ‘gripezita’ e adormeçam. Aí seria mais fácil”, ilustrou Abel, na antevisão do embate desta noite com o Benfica, o 62.º com os minhotos como anfitriões no campeonato.

André Horta, emprestado pelos “encarnados”, não estará disponível, o mesmo acontecendo com Ricardo Ferreira e Fransérgio, a contas com lesões de difícil recuperação. Do lado contrário, Lisandro López (que deverá ser emprestado ao Inter Milão) sai da convocatória, enquanto Fejsa e Eliseu estão de regresso.

E o que prevê Rui Vitória quando encara esta partida? “O Sp. Braga tem uma forma muito peculiar de jogar: uma composição com duas linhas de quatro e dois jogadores mais à frente, mas num certo momento do jogo tem nuances interessantes (...) e aspectos muito positivos nas bolas paradas ofensivas”, ilustrou. “Espero do Sp. Braga uma resposta muito boa de uma equipa ambiciosa e que está a querer aproximar-se a olhos vistos dos chamados três ‘grandes’”.

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