T-Roc conduz Autoeuropa para o melhor ano desde 2012

Produção na fábrica de Palmela chegou às 110 mil unidades em 2017, impulsionada na recta final do ano pelo T-Roc.

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O ano de 2017 é o melhor da fábrica da Volkswagen em Palmela desde 2012 (quando foram produzidos 112.550 veículos) Daniel Rocha

A produção de automóveis na Autoeuropa atingiu as 110.256 unidades no ano passado, de acordo com os dados agora divulgados pela ACAP, a associação do sector. Este número representa uma subida de 29,5% face ao 2016, e é o melhor ano da fábrica da Volkswagen em Palmela desde 2012 (ano em que foram produzidos 112.550 veículos).

O sector como um todo (e que inclui a Peugeot Citroën, a Mitsubishi e a Toyota Caetano) também teve um bom desempenho, ao crescer 22,7% para 175.544 unidades.

A subida da Autoeuropa tem por base a fabricação do novo modelo, o T-Roc, um veículo utilitário desportivo. O início da produção em série ocorreu a 4 de Agosto, mas só a partir do início de Novembro é que se atingiu a velocidade de cruzeiro.

A estimativa da empresa apontava para cerca de 28.000 unidades em 2017, número que deverá disparar para 183.000 em 2018, de um total de cerca de 240.000 unidades, mais do que duplicando os valores do ano passado e levando a fábrica para um novo patamar.

Além do T-Roc, a unidade de Palmela produziu também os modelos Sharan, Seat Alhambra e Scirocco (que entretanto deixou de ser montado no final de Outubro do ano passado). 

Dos veículos produzidos, a esmagadora maioria (99%) tem como destino a exportação para diversos mercados, com destaque para a Alemanha (29,3% do total) e China (14,4%). Por parte do T-Roc, e depois da Alemanha, os maiores mercados foram a França e a Itália.

Greve a pairar

A produção do T-Roc, no entanto, tem provocado vários solavancos na unidade de Palmela, por causa do início da laboração ao sábados de modo a responder à procura do novo modelo. A falta de entendimento entre a administração e os trabalhadores, após dois pré-acordos negociados com a Comissão de Trabalhadores que acabaram por ser chumbados em plenários, levou a que a gestão tomasse uma decisão de forma unilateral, impondo novos horários.

Estes vão vigorar entre o fim de Janeiro e o fim de Agosto, esperando a gestão que até lá haja um novo acordo com a Comissão de Trabalhadores (com quem tem mantido reuniões, até por causa de questões como o aumento salarial para este ano, que a CT defende que deve ser de 6,5%).

No ar paira ainda uma ameaça de nova greve, depois da que ocorreu em Agosto. A 21 de Dezembro, na sequência de plenários convocados pela CT, a maioria dos trabalhadores votou favoravelmente a proposta de um funcionário que defendeu uma greve para os dias 2 e 3 de Fevereiro (logo no arranque do novo modelo laboral).

No entanto, a CT esclareceu que teriam de ser os sindicatos a avançar com o pré-aviso da paralisação, algo que não foi feito nem pelo Sindel (afecto à UGT) nem pelo SITE-Sul (afecto à CGTP). No que diz respeito a este último, houve uma conferência de imprensa na passada terça-feira durante a qual os seus responsáveis, após reuniões com a CT e com a gestão, falaram de um “cenário negocial diferente” face a Dezembro.  

Sem “colocar de parte nenhuma forma de luta que seja preciso encetar”, o SITE-Sul defendeu que “não faz a greve pela greve”. Mesmo assim, continua a defender que o trabalho ao sábado seja voluntário, algo que a administração tem afastado por completo.

Entre outros aspectos, o sindicato diz também que “o planeamento de investimentos na fábrica deve continuar, nomeadamente numa nova linha de montagem, por forma a permitir uma melhor organização do tempo de trabalho de segunda a sexta-feira”.

O próximo passo deverá ser conhecido na sequência de novos plenários que, diz o SITE-Sul, devem ocorrer "depois de serem conhecidas respostas da administração” à comissão sindical e à CT (na qual este sindicato está representado, e com quem a gestão tem negociado).

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