Medina contrata ex-vereador como assessor para a Protecção Civil

Carlos Castro estava na lista do PS, mas não foi reeleito. A câmara diz que é "uma contratação natural e até óbvia", destacando a experiência do antigo responsável pela pasta.

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“Dados os conhecimentos [na área] da Protecção Civil, afigurou-se como uma contratação natural e até óbvia”, diz a câmara JOANA BOURGARD

O ex-vereador da Protecção Civil da Câmara Municipal de Lisboa foi contratado pela autarquia para assessorar Fernando Medina nessa pasta, que agora é responsabilidade directa do presidente. Carlos Castro teve este pelouro no último mandato e, sobretudo em 2017, destacou-se por ter sido o rosto da câmara em vários incidentes que decorreram na cidade.

Era o décimo nome na lista do PS às eleições autárquicas de Outubro, mas o partido só elegeu oito vereadores (em 2013, tinha elegido 11). Fernando Medina optou então por se encarregar pessoalmente do pelouro da Protecção Civil, mas não abdicou do antigo eleito. “Dados os conhecimentos específicos, experiência e conhecimentos da orgânica da Protecção Civil, afigurou-se como uma contratação natural e até óbvia”, disse fonte oficial da câmara.

O contrato entre o município e Carlos Castro foi celebrado no fim de Novembro, ficando o ex-vereador responsável por prestar “assessoria nas áreas de planeamento estratégico e gestão operacional em matéria de protecção civil”. Ao PÚBLICO, a autarquia acrescentou que Castro “desenvolve trabalho em termos de planeamento das várias áreas de intervenção do serviço municipal de Protecção Civil, seja com as orgânicas próprias do município seja com entidades externas.”

O ex-vereador declinou fazer declarações sobre o assunto.

No ano passado, Carlos Castro foi por diversas vezes o porta-voz da câmara em situações graves e incómodas. Em Fevereiro, um muro colapsou na Graça e deu-se um deslizamento de terras que afectou gravemente vários prédios na Rua Damasceno Monteiro. O gabinete do vereador coordenou então o realojamento dos moradores lesados e ainda as primeiras obras de estabilização do muro caído. As casas acabaram por ser reconstruídas e, a meio de Setembro, pouco depois de concluídos os trabalhos, a câmara disse ao PÚBLICO que se seguia o momento de “apurar responsabilidades” – para saber quem paga a factura.

Pouco tempo depois daquele aluimento abriu-se um grande buraco na Avenida de Ceuta, que cortou o acesso ao Eixo Norte/Sul durante alguns dias. Também foi Carlos Castro que primeiro se deslocou ao local e deu informações aos jornalistas. No fim de Março, a culminar um mês atarefado para os bombeiros, duas partes do viaduto rodoviário de Alcântara separaram-se. Foi mais uma vez o agora ex-vereador que deu as primeiras explicações sobre o sucedido.

Enquanto vereador da Protecção Civil, Carlos Castro foi o responsável político pela Polícia Municipal, pelo Regimento de Sapadores Bombeiros e pela Direcção Municipal de Protecção Civil e Socorro. O eleito acumulava essas funções com os pelouros das Relações Internacionais (actualmente nas mãos de Catarina Vaz Pinto) e da Relação com o Munícipe (que neste mandato não está oficialmente atribuído a ninguém).

Coube também a Carlos Castro começar a implementar uma política aprovada no fim do mandato 2009-2013, quando ainda não era vereador, respeitante à reorganização dos quartéis de bombeiros na cidade. Essa proposta, inicialmente consensual, começou a gerar polémica quando se determinou o encerramento do quartel da Luz, então o mais moderno de Lisboa. No local está actualmente a ser construído um novo edifício do Hospital da Luz.

Outro ponto polémico da reorganização é o que diz respeito ao fecho do quartel da Avenida Dom Carlos, em Santos, onde está a sede do regimento de bombeiros, que será substituído por um mais pequeno. Ainda em Junho, quando os vereadores do PCP levantaram dúvidas sobre esta decisão, Carlos Castro garantiu que, apesar de o futuro espaço ser menor do que o actual, o centro da cidade “ficará com a cobertura necessária para um tempo de resposta altamente eficaz”.

O contrato entre a câmara e o ex-vereador dura até ao final de 2018, mas pode ser renovado anualmente até ao fim deste mandato autárquico. A remuneração do novo assessor de Medina é de 3752,50 euros brutos por mês, um valor ligeiramente superior ao que recebia enquanto vereador.

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