Declarações da ministra "são levianas e irresponsáveis ou premeditadas", diz PSD

Líder parlamentar dos sociais-democratas escreve um artigo de opinião na newsletter do partido em que questiona se o primeiro-ministro vai deixar estar questão em suspenso até Outubro.

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Daniel Rocha

O PSD não quer deixar cair a polémica em torno das palavras da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, sobre a não recondução da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal. Esta quarta-feira, o líder parlamentar do PSD volta ao assunto num artigo de opinião na newsletter do partido em que aponta baterias directas à governante que tutela a Justiça. 

"As declarações da Ministra da Justiça são por isso ou levianas e irresponsáveis ou premeditadas e com um propósito que é o de esconder a vontade política do Governo em não reconduzir a doutora Joana Marques Vidal", escreve Hugo Soares. O social-democrata considera que com as palavras que disse na entrevista à TSF, Van Dunem "beliscou e minou [a autonomia do Ministério Público] ao deixar em suspenso a doutora Joana Marques Vidal, dez meses antes do final do seu mandato".

Na opinião que assina, o líder parlamentar do PSD regressa a alguns dos argumentos deixados no debate quinzenal com o primeiro-ministro na terça-feira, mas desta vez, esclarece a que processos se referia quando defendeu Marques Vidal por mostrar que a justiça é igual para fortes e fracos. "Numa altura em que o Ministério Público tem de defender acusações como as que decorrem do caso Marquês ou do caso BES, a intenção agora clara do Governo em anunciar a mudança da procuradora-geral da República, a dez meses do término do seu mandato, é absolutamente castradora da garantia de independência e confiança que o MP precisa", escreve. 

Além destes dois casos, que têm como principais acusados José Sócrates e Ricardo Salgado, Hugo Soares lembra a relação com Angola. "Numa ocasião em que o Ministério Público português se viu confrontado com a necessidade de dar explicações públicas depois das declarações do Presidente sngolano sobre o processo que envolve Manuel Vicente a ligeireza da ministra Justiça ainda ganha maior relevo", diz.

Em suma, os sociais-democratas criticam o Governo que colocou o assunto na agenda, refere o deputado. "Colocar no limbo o mais alto magistrado do Ministério Público é minar a confiança e estabilidade que a Procuradoria-Geral deve sempre assumir. No fundo, trata-se de colocar uma espada de Dâmocles sobre a cabeça da procuradora-geral da República inaceitável." 

E por isso querem que o primeiro-ministro decida "em consonância com aquilo que o país exige".

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