Etiópia proíbe adopção por estrangeiros

Em causa está a preocupação face a abusos e negligência que as crianças sofrem fora do país.

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A Etiópia é um dos países estrangeiros a que mais americanos recorrem para adopção de crianças Reuters/ANTONY NJUGUNA

A Etiópia proibiu a adopção de crianças por estrangeiros, avança a BBC. A preocupação face a abusos e à negligência sofridas pelos menores é o argumento usado pelas autoridades daquele país africano.

A Etiópia é um dos países a que mais norte-americanos recorrem para a adopção de crianças, correspondendo a 20% das adopções no estrangeiro. O casal de actores Brad Pitt e Angelina Jolie estão entre os que adoptaram crianças etíopes.

Um caso de 2013, em que um casal dos EUA foi condenado por matar a filha adoptiva etíope, abriu um debate sobre a adopção por estrangeiros na Etiópia. O processo de adopção no país tem falhas que foram consideradas graves e algumas associações de direitos humanos denunciaram que abre espaço a abusos de traficantes de seres humanos que vêem este como um mercado lucrativo. Há dois anos, a Dinamarca impediu a adopção de crianças etíopes.

Os legisladores dizem que os órfãos e as crianças vulneráveis do país devem ser acolhidas por associações de apoio locais de forma a protegê-las. Mais de 15 mil crianças etíopes foram adoptadas nos EUA desde 1999. Muitas são também adoptadas por europeus de países como Espanha, França ou Itália.

O Parlamento etíope entende que a adopção local continua activa e que os serviços sociais devem conseguir lidar com o número de órfãos. No entanto, a adopção não é uma prática comum na cultura do país e muitos órfãos passam por várias famílias ou acabam a viver nas ruas.

Apesar de a Etiópia ser um dos países com maior crescimento económico no mundo, milhões de pessoas vivem abaixo do limiar da pobreza — muitos defendem que o país não tem capacidade para lidar com o número elevado de órfãos.

A nova Política Nacional da Criança define que os menores devem crescer na sua terra natal, de acordo com a sua cultura e tradições, escreve o Washington Post. As crianças “devem ser adoptadas localmente ou apoiadas por um responsável familiar, um tutor, ou devem ter ajuda para serem reaproximadas dos pais biológicos ou outros familiares”, diz a lei irá entrar em vigor nas próximas semanas.

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