Em duas décadas, Hollywood não conseguiu corrigir as desigualdades de género

Estudo revela que as mulheres não chegam a 20% dos lugares de realizador, guionista, produtores e outros na indústria cinematográfica.

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A actriz com Reuters/HANDOUT
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A actriz com a activista America Ferrera LUSA/MIKE NELSON
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Nos últimos 20 anos não houve uma grande evolução na indústria cinematográfica no que à igualdade de géneros diz respeito. É o que diz um estudo levado a cabo por Martha M. Lauzen, directora do Centro de Estudos da Mulher em Televisão e Cinema, da Universidade Estadual de San Diego, Califórnia, citado pelo Los Angeles Times.

Quando, na última cerimónia dos Globos de Ouro, no domingo, Natalie Portman fez uma referência a que os nomes na lista dos melhores realizadores eram "todos homens", não foi despropositado. "As pessoas da sala pareciam surpresas por ter dito a verdade", avalia Martha M. Lauzen, ouvida pelo jornal norte-americano. Mas Portman não foi a única. Ao apresentar a lista de melhor filme, Barbra Streisand lembrou que foi a última mulher a receber o prémio para o melhor realizador e foi em 1984. 

Uma verdade que se comprova no último estudo de Lauzen, divulgado nesta quarta-feira, e que se reporta ao ano que terminou: apenas 18% de todos os realizadores, guionistas, produtores, produtores-executivos e directores de fotografia que trabalharam nos 250 melhores filmes dos EUA, em 2017, é do género feminino.

E pouco mudou nas duas últimas décadas, se olharmos para os mesmos dados referentes a 1998: as mulheres representavam apenas 17% daqueles cargos. A falta de progresso tem sido "surpreendente", constata Lauzen, acrescentando mais um dado: apenas 1% dos filmes no ano passado empregaram dez ou mais mulheres como realizadoras, produtoras, editoras, guionistas e directoras de fotografia. Do outro lado, 70% dos filmes tiveram dez ou mais homens nestes cargos. "Essa é uma desigualdade ultrajante", adjectiva a investigadora. "Esta negligência produziu uma cultura tóxica que apoiou os recentes escândalos de assédio sexual", interpreta, fazendo referência ao caso dos alegados abusos e assédio levados a cabo por Harvey Weinstein e outras figuras proeminentes da indústria.

Recorde-se que homens e mulheres mostraram-se, na cerimónia dos Globos de Ouro, solidários com os temas do assédio, mas também das desigualdades salariais. E se os homens, vencedores de prémios, se calaram no momento em que receberam os galardões; as mulheres fizeram referências a essas desigualdades e exigiram mudanças. O discurso de Oprah foi o mais incisivo e emocionante, catapultando-a a uma posição em que muitos norte-americanos já a imaginam a concorrer à Casa Branca. 

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