Até ao fim de Março, serão contratados 200 novos enfermeiros

Centro Hospitalar do Algarve intensificou plano de contingência para a gripe e frio e planeia abrir mais de duas dezenas de camas no Centro de Reabilitação de São Brás de Alportel.

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Só o Algarve pede autorização para contratar 96 enfermeiros

O Ministério da Saúde adianta que até ao final de Março deverá ser autorizada a contratação de "cerca de 200 novos enfermeiros". Mas só o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) pediu autorização à tutela para contratar mais 96 enfermeiros, dos quais 54 são para substituir profissionais que foram saindo nos últimos anos, segundo revelou ao PÚBLICO a presidente do CHUA, Ana Paula Gonçalves.  

Depois de alguns dias complicados, o CHUA intensificou o plano de contingência para a gripe e o frio que já tinha accionado, planeando a abertura provisória de mais entre 20 a 27 camas no Centro de Medicina e Reabilitação Física de São Brás de Alportel.

A falta de enfermeiros e de assistentes operacionais está na base de algumas falhas e demoras nos serviços de urgência do centro hospitalar (Portimão e Faro). “A situação está razoavelmente controlada”, garantiu a presidente do CHUA, Ana Paula Gonçalves, que prevê conseguir também contratar mais 27 assistentes operacionais. 

A Administração Regional de Saúde do Algarve precisou igualmente que, além das 22 camas suplementares já disponibilizadas nos hospitais de Faro e Portimão, está a diligenciar a abertura de mais 27 e que prevê ainda reconverter mais 20 camas de cuidados continuados (dez em Portimão e dez em Azinhal, Castro Marim) "para aliviar a pressão nos serviços hospitalares algarvios". 

Nesta segunda-feira de manhã, segundo observou o PÚBLICO, na urgência do Hospital de Faro a situação não era muito diferente do habitual, tendo em conta a quase permanente sobrelotação do serviço. Havia 25 doentes acamados na urgência, quando, nos meses de Verão, a média ronda as três dezenas.

Mesmo assim, a Ordem dos Enfermeiros (OE) voltou à carga. Em comunicado, defendeu que a contratação de enfermeiros anunciada pelo primeiro-ministro neste fim-de-semana só terá efeitos em Março, “pelo que não fará frente ao pico gripal”, e pediu aos profissionais que sigam o exemplo dos colegas do Algarve “que denunciaram publicamente, com a divulgação de fotografias, o caos na Urgência do Hospital de Faro”.

Foi a resposta ao anúncio de António Costa, que no domingo destacou a autorização dada dois dias antes pelo Ministério das Finanças para "um reforço da contratação de enfermeiros até ao final de Março", de maneira  assegurar a "capacidade acrescida de resposta" neste período. Mas não especificou quantos profissionais serão contratados, até porque, como explicou ao PÚBLICO o gabinete do ministro da Saúde, a autorização das Finanças não refere “um número definitivo”.

Os novos profissionais “irão sendo contratados até ao final de Março conforme as necessidades dos diferentes serviços", afirma o ministério, sem esclarecer se este processo se enquadra nos planos de contingência para resposta à epidemia de gripe e ao frio. Quanto ao número de enfermeiros já contratados ao abrigo destes planos, diz que aguarda pelo “levantamento” que está a ser feito pela ACSS (Administração Central do Sistema de Saúde).

Esta segunda-feira, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) aproveitou igualmente para recordar novamente que “mais de 700” recém-especialistas da área hospitalar e da área de saúde pública aguardam, “a maioria desde Maio de 2017”, a abertura de concursos para estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde. “É incompreensível que, numa altura de caos nos Serviços de Urgências, estes médicos especialistas não estejam já colocados nos hospitais em que fazem mais falta", lamenta o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha. 

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