Administração Trump vai facilitar a utilização de armamento nuclear

Segundo noticia o Guardian, o documento da nova Revisão da Postura Nuclear, que deverá ser apresentada no final deste mês, vai flexibilizar os limites à utilização de armas nucleares por parte dos EUA.

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Militar que acompanha o Presidente norte-americano com as malas com os códigos nucleares dos EUA LUSA/MICHAEL REYNOLDS

A Administração norte-americana lidera por Donald Trump pretende flexibilizar os limites à utilização de armas nucleares bem como criar uma nova ogiva de baixo de rendimento que lhe permita ser transportada pelos mísseis Trident – mísseis balísticos intercontinentais que fazem parte do arsenal dos Estados Unidos. Segundo noticia nesta terça-feira o Guardian, estas medidas constarão da chamada Revisão da Postura Nuclear que o Presidente deverá apresentar no final deste mês.

A informação avançada pelo jornal britânico foi obtida por Jon Wolfsthal, que foi assessor de Barack Obama para o armamento, e que afirma ter tido acesso ao derradeiro rascunho daquilo que será a nova Revisão da Postura Nuclear preparada pelo Pentágono. Segundo Wolfsthal, a Administração Trump pretende criar uma nova linhagem dos mísseis Tridente D5 (projécteis balísticos intercontinentais de longa distância e que podem ser lançados a partir de submarinos) com apenas uma parte da ogiva que normalmente carrega, tornando a sua utilização mais simples. O objectivo será impedir que a Rússia recorra ao armamento nuclear estratégico nos conflitos na Europa de Leste.

Além disso, outra das medidas que a primeira Revisão da Postura Nuclear a ser apresentada em oito anos prevê é a permissão da utilização do armamento nuclear para responder a ataques não-nucleares. Esta possibilidade tinha já sido abordada no documento relativo à Estratégia de Segurança Nacional redigida pela Administração Trump e apresentado no final de 2017. Ou seja, era já previsível que o assunto constasse da nova postura nuclear.

O uso de armas nucleares por parte dos Estados Unidos poderá ser ainda mais abrangente, uma vez que está previsto a eliminação do ponto onde Washington se compromete a não avançar para ataques nucleares contra países que não possuem este tipo de armamento. Este tipo de medidas são uma reversão, pelo menos parcial, da política de Obama, que tentou reduzir o papel do armamento nuclear na estratégia de defesa dos EUA.

Apesar de tudo, Wolfsthal garante que as versões anteriores da Revisão da Postura Nuclear iam ainda mais longe no que à utilização do arsenal nuclear diz respeito. “A minha leitura é a de que isto é um recuo do extremo que era antes. Não contém tantas coisas terríveis como tinha originalmente”, afirmou ao Guardian. “Mas continua a ser mau”, ressalva.

No entanto, Wolfsthal aponta coisas positivas, nomeadamente no que respeita à mensagem que o documento envia à Coreia do Norte, à China e à Rússia: “O que me disseram as pessoas que escreveram isto foi que estavam a tentar enviar uma clara mensagem dissuasora a russos, norte-coreanos e chineses. E há uma linguagem bastante boa, moderada mas forte, que deixa claro que qualquer tentativa por parte da Rússia ou da Coreia do Norte de usar armas nucleares resultaria em consequências enormes para eles, e penso que isto é realmente moderado, centrista e provavelmente muito necessário”.

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