Provedor da Misericórdia de Mesão Frio propõe voto de louvor a técnica condenada
Tribunal condenou técnica e Santa Casa por pedirem "uma espécie de jóia de entrada aos candidatos que queriam ingressar no lar". Provedor, que é também presidente da Câmara de Mesão Frio, desmente. Vão recorrer da sentença.
O provedor da Misericórdia de Mesão Frio disse nesta segunda-feira que vai propor um voto de louvor à funcionária condenada recentemente, em primeira instância, conjuntamente com a instituição, a pena de multa pelo crime de recebimento indevido de vantagem.
O Tribunal de Mesão Frio condenou, em Dezembro, a Santa Casa da Misericórdia e a directora técnica a penas de multa de, respectivamente, dois mil euros e mil euros pelo crime de recebimento indevido de vantagem. A condenação assenta na cobrança de dinheiro a utentes e familiares como contrapartida para serem admitidos no lar.
O provedor, Alberto Pereira, disse nesta segunda-feira à agência Lusa que a instituição e a funcionária vão recorrer da sentença aplicada pelo tribunal.
O responsável saiu, inclusive, em defesa da directora técnica e salientou que vai propor, na próxima assembleia geral da misericórdia, um "voto de louvor e de confiança" a esta técnica "pelo excelente trabalho" que tem desempenhado na instituição.
Alberto Pereira, que é também presidente da Câmara de Mesão Frio eleito pelo PS, referiu que todo o processo começou há cerca de quatro anos com uma queixa anónima. "Todos nós sabemos as motivações desta queixa e deste processo. Efectivamente o que queriam era apanhar o provedor em pé inseguro."
O responsável disse ainda que foram inspeccionados os processos de cerca de 70 utentes e donativos. "O tribunal entendeu que houve duas situações em que efectivamente as pessoas assumem que foram obrigadas a dar, a técnica diz que não. Todos os outros confirmaram que deram o donativo porque quiseram", frisou.
A julgamento chegaram duas técnicas da misericórdia, mas uma delas foi absolvida.
De acordo com a edição de hoje do Jornal de Notícias, a acusação do Ministério Público explicava que o "esquema ilegal passava por exigir uma espécie de jóia de entrada aos candidatos que queriam ingressar no lar da Santa Casa sem se sujeitar a listas de espera".
"Entendemos que nunca nada disso aconteceu e portanto estamos absolutamente certos e convictos que iremos ser absolvidos desta pena, porque a Misericórdia de Mesão Frio nunca exigiu qualquer donativo", salientou Alberto Pereira.
O provedor disse acreditar que o objectivo da denúncia "era denegrir" a sua imagem e que não tem "qualquer dúvida que foram motivações políticas que levaram a esta queixa".