O que está a falhar na Escola Superior de Dança? Governo e Politécnico com versões diferentes

IPL desmente Governo e diz que há pedidos recentes para contruir nova escola de dança.

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TIAGO PETINGA/LUSA

No dia em que os alunos da Escola Superior de Dança (ESD), em Lisboa, se manifestaram contra a degradação das instalações, a secretária de estado do Ensino Superior disse, em nota enviada à Lusa, que já tinha pedido ao presidente do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL) "uma solução urgente" para o estabelecimento de ensino. Mais: disse que, desde que o Governo tomou posse, nunca chegou ao gabinete "nenhum pedido do IPL sobre o assunto das instalações desta escola".

Contudo, o IPL, a que pertence a escola, desmente o Governo. Em comunicado, reagindo a esta informação do gabinete, divulgada nesta segunda-feira à tarde pela Lusa, explica que em 2017 pediu autorizações para avançar com a construção do novo edifício da ESD, incluindo à secretaria-geral de Educação e Ciência.

"Em Junho de 2017, foi apresentado ao gabinete do secretário de Estado do Tesouro, um pedido no sentido de isentar o IPL em 50% da receita, de modo a poder avançar com a construção do novo edifício", lê-se num esclarecimento do IPL enviado à Lusa. "Esta intenção foi comunicada, de igual modo, à secretaria-geral da Educação e Ciência, que, entretanto, solicitou autorização da venda do actual edifício da ESD ao Conselho Geral do IPL. A decisão do Conselho Geral de autorizar a venda do imóvel foi comunicada à secretaria-geral da Educação e Ciência, estando a aguardar resposta."

A nota do IPL acrescenta ainda que "nesta data está em curso o processo de avaliação do edifício da ESD, por parte da Direcção-Geral do Tesouro e Finanças, para efeitos da sua futura alienação".

A secretária de Estado Fernanda Rollo visitou a escola na passada sexta-feira na companhia do presidente do IPL, altura que aproveitou para se inteirar da situação daquele estabelecimento de ensino. "Na sequência dessa visita, a SECTES solicitou ao presidente do IPL uma solução urgente para o funcionamento da Escola Superior de Dança", afirmou nesta segunda o gabinete de imprensa do ministério.

Escola com 200 alunos

Alunos e professores da ESD, que tem quase 200 estudantes, entre inscritos em licenciatura e mestrados, manifestaram-se nesta segunda-feira contra a contínua degradação das instalações da escola, que funciona desde os anos 90 num edifício secular do Bairro Alto.

Em declarações à Lusa, a presidente da direcção da ESD, Vanda Nascimento, disse que a solução para os problemas da ESD "está nas mãos do Governo", a quem cabe autorizar a venda do edifício que permitiria transferir a escola para um novo espaço a construir de raiz nos terrenos do Campus de Benfica.

A direcção da escola  diz que é desejo do IPL vender o degradado edifício no Bairro Alto, onde funciona a escola, e com esse dinheiro construir um novo espaço no Campus de Benfica.

"Dado não haver financiamento, é preciso vender este edifício. A autorização do conselho geral do IPL já aconteceu e agora está nas mãos do Governo", contou Vanda Nascimento, sublinhando que "a venda tem de ser autorizada pelo Governo".

Nesta segunda-feira, a ESD esteve aberta a quem a quisesse visitar e foi possível confirmar as denúncias que, na semana passada, a direcção da associação de estudantes fez à agência Lusa.

Os alunos dizem que trabalham diariamente numa escola sem condições de segurança nem higiene.

O perigo é visível na improvisada sala de convívio, onde há fitas amarelas e vermelhas que delimitam a zona onde caiu um pedaço de tecto, mas também no espaço de aquecimento e treino, onde também há uma zona interdita desde que o tecto cedeu.

A maioria das salas de aulas é muito fria, dizem os alunos, explicando que é difícil dançar sem tirar os casacos.

Nos estúdios não há regulação da temperatura ambiente, as janelas não fecham e o sistema de aquecimento está avariado, contam os estudantes, que hoje se concentraram no exterior da escola.

O IPL afirma que "entende as exigências dos alunos da ESD" e "reafirma o seu compromisso de continuar a desenvolver todas as diligências ao seu alcance junto das entidades competentes para encontrar a solução por todos desejada".

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