Morreu Rosa Pinto, o coronel que se apaixonou pelas plantas do Algarve

A Universidade do Algarve presta homenagem ao botânico que conquistou a admiração dos cientistas. O militar, de pontaria certeira na identificação de milhares de plantas, fez do campo a sua sala de aulas.

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Miguel Manso

A Universidade do Algarve (Ualg) decretou três dias de luto académico pela morte do coronel Rosa Pinto – um militar que se fez botânico por paixão e conquistou a reconhecimento científico dos especialistas nacionais e estrangeiros. O militar faleceu na sexta-feira, vítima de problemas cardíacos.

Durante vários anos Rosa Pinto recolheu, identificou e reuniu uma colecção com mais de 2500 plantas do barrocal algarvio. Da colaboração estreita que manteve com a Ualg, durante mais de 15 anos, onde foi professor convidado, nasceram relações de amizade e reconhecimento por um trabalho que se projectou para fora da região.

A associação ambientalista Almargem, por seu lado, lamentou a “perda irreparável” que constitui o desaparecimento deste naturalista aos 76 anos. “ Ficará para a história como um dos maiores botânicos da região e cujo exemplo e qualidades humanas e legado científico permanecerão indeléveis no conhecimento do património natural da região”, diz a associação, em comunicado.

Das memórias relatadas por quem com ele privou fica a imagem do um sorriso, desconcertante, quando os académicos lhe diziam que era um verdadeiro cientista quando ele apenas se considerava um autodidacta, naturalista.

No Verão passado, foi uma das figuras da série “Historiadores Amadores” (um conjunto de trabalhos divulgados pelo PÚBLICO para conhecer pessoas que conquistaram a simpatia dos cientistas não pertencendo à academia). A sua colecção particular, constituída por mais de 2500 plantas, foi oferecida à Universidade.

Na “nota de pesar”, emitida pela reitoria da Ualg, recorda-se a colaboração que manteve - de forma voluntária, durante vários anos - em trabalhos de campo, publicações científicas e projectos de investigação, com especialistas nacionais e estrangeiros. Dos relatos, contados por quem o acompanhou nas visitas de campo, sobressai a sua pontaria certeira na identificação das espécies, sem necessidade de recorrer a manuais.

Os professores e investigadores da Ualg, na nota de pesar que assinala o desaparecimento, “testemunham não só o seu valor científico e pedagógico, mas também as suas qualidades humanas e éticas e a forma abnegada com que trabalhou no seio da Universidade do Algarve”.

O corpo está em câmara ardente nesta terça-feira, a partir das 11h00, na Igreja dos Capuchos, em Faro, donde parte o cortejo fúnebre às 15h00.

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