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Gronelândia, “uma paisagem agressivamente bela”

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Gosta de ambientes extremos, sobretudo daqueles que estão ligados ao frio ou à neve; nesse sentido, a Gronelândia surgiu como um "destino lógico" para o fotógrafo e médico brigantino André Terras Alexandre. "Procurei viajar no Verão, para ver uma Gronelândia diferente da que geralmente vem à imaginação", disse ao P3, em entrevista. "O facto de o sol brilhar permanentemente no céu, durante o Verão, também contribuiu para a minha escolha, já que, a seguir à aurora boreal, o sol da meia noite vinha muito acima na minha lista de coisas para ver antes de morrer." Ao conjunto de imagens que realizou no país chamou Midnight Sun.

 

Chegou à ilha dinamarquesa de avião, em Julho de 2017. Começou por visitar Kangerlussuaq, a "porta de entrada da ilha"; seguiu-se Ilulissat e a capital Nuuk. Mas o ponto alto da viagem foi a visita ao fiorde de gelo de Ilulissat, património mundial da UNESCO. "Foi, possivelmente, o local mais belo onde já estive até hoje", garantiu ao P3. O fiorde, com cerca de 80 quilómetros de extensão — que liga a calote glaciar da Gronelândia à baía de Ilulissat — é o maior produtor de icebergues do hemisfério Norte. "Viajar de barco por entre milhares de icebergues debaixo do sol da meia noite e a par de dezenas de baleias é definitivamente a experiência de uma vida." Descreve-a como uma viagem extrema, "com confortos, por vezes, mínimos". "A paisagem é agressivamente bela, montanhosa, com flora colorida a contrastar com as tonalidades gélidas dos icebergues e dos glaciares."

 

A cultura local também foi um dos motivos por que decidiu viajar até à ilha. "A cultura inuit, vulgarmente idealizada na figura do esquimó, pesou igualmente na escolha: tão desconhecida, tão misteriosa, tão remota. Tinha mesmo que conhecer algo mais sobre este povo." Descreve um povo que carrega "uma cultura pesada" ligada ao mar, à pesca, ao trabalho duro. "O tabaco é uma companhia quase universal, seja entre adolescentes ou entre idosos." Pratos típicos de carne de foca e de baleia são frequentes à mesa dos gronelandeses. "São felizes, mas parecem um povo tímido. Fitam com olhares de espanto os viajantes com que se cruzam, procurando perceber que tipo de pessoa visitaria um país como o deles."

 

A fotografia é um hobbie de André Terras Alexandre, que dedica a maior parte do seu tempo à Medicina. Fotografa exclusivamente com filme fotográfico. "Nunca consegui retirar o mesmo prazer do digital", justifica. A última viagem do médico foi à Islândia e às Ilhas Feroé, em Dezembro, cujo registo pode ser consultado na sua conta de Instagram.