Metropolitan Museum of Art vai passar a cobrar entradas

A partir de 1 de Março, só os residentes em Nova Iorque estarão dispensados de pagar 25 dólares para visitar o Met. Até agora, e nos últimos 50 anos, cada pessoa pagava o que entendesse.

O Met, na Quinta Avenida
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A fachada do Met, na Quinta Avenida
Os Cloisters, o pólo do museu dedicado à arquitectura e artes decorativas medievais
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Os Cloisters, o pólo do museu dedicado à arquitectura e artes decorativas medievais
O edifício modernista desenhado por Marcel Breuer onde o Met inaugurou em 2016 um pólo dedicado à arte moderna e contemporânea
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O edifício modernista desenhado por Marcel Breuer onde o Met inaugurou em 2016 um pólo dedicado à arte moderna e contemporânea

Pela primeira vez nos últimos 50 anos, o Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque (vulgo Met) vai começar a cobrar entradas, abandonando a política de deixar os visitantes decidir se e quanto querem pagar.

Exceptuados os habitantes de Nova Iorque, que continuarão a beneficiar do sistema anterior, mas que agora terão de mostrar um atestado de residência, e ainda os estudantes do Connecticut e de New Jersey, todos os outros visitantes passarão a pagar 25 dólares (20,78 euros) por entrada, o preço que o museu já recomendava, mas não impunha.

A decisão terá efeito a partir do próximo dia 1 de Março e fica a dever-se, segundo o presidente do museu, Daniel Weiss, explicou ao jornal New York Times, à necessidade de assegurar uma fonte de financiamento anual estável, após um período de dificuldades financeiras e de controvérsias em torno da liderança do Met, e num momento em que são cada vez menos os visitantes que se mostram dispostos a pagar o preço de admissão sugerido.

Ao longo da última década, as entradas no museu não pararam de crescer, mas a percentagem de visitantes que pagam os 25 dólares recomendados desceu de mais de 60% para apenas 17%. Mas os resultados que se esperam com esta alteração também não parecem particularmente decisivos no contexto do orçamento do Met. As entradas representam hoje cerca de 43 milhões de dólares (36 milhões de euros) anuais, o que corresponde a 14% dos 305 milhões de dólares (253 milhões de euros) do orçamento operacional do museu, e Weiss acredita que esta percentagem possa subir para 17% (52 milhões de dólares).

“Estamos a pedir a todos os que beneficiam desta instituição que contribuam para a manter de boa saúde, já que somos fundamentalmente um recurso da comunidade”, diz Weiss, que concilia as funções de presidente e director do Met desde meados de 2017, quando o ex-director Thomas P. Campbell foi pressionado pela administração a demitir-se. Especialista em arte medieval, Weiss terá agora uma palavra a dizer na escolha do futuro director, que ficará sob a sua tutela.

Segundo Weiss, a nova política agora anunciada resultou também da necessidade de compensar a projectada redução do financiamento anual atribuído pela autarquia de Nova Iorque, que é também a proprietária do edifício principal do museu, na Quinta Avenida. Sendo um dos museus de arte mais prestigiados e visitados no mundo – em 2016, recebeu sete milhões de visitantes, números só ultrapassados pelo Louvre –, o Metropolitan Museum of Art é essencialmente sustentado por doações privadas e pelo município, recebendo escassos apoios governamentais.

“Somos o único grande museu de arte do mundo sem cobrança obrigatória de entradas e sem recurso a financiamentos estatais relevantes”, argumenta Daniel Weiss ao New York Times, lembrando que o Louvre, em Paris, ou o Smithsonian, em Washington, dispõem de significativos apoios públicos, e que outros museus nova-iorquinos, como o Museum of Modern Art (MoMA) ou o Guggenheim, já cobram 25 dólares por visitantes, como o Met agora passará a fazer. Nem um nem outro, porém, ocupam edifícios públicos ou são financiados com dinheiro dos contribuintes.

Daí que esta decisão possa vir a ser criticada não apenas por turistas mais avaros ou de menos recursos, e pelos muitos americanos que vivem nas imediações de Nova Iorque mas não residem nos limites da cidade, mas também pelos que defendem que as instituições suportadas pelos impostos deveriam ser de acesso livre. No entanto, o que o museu actualmente recebe da cidade – cerca de 26 milhões de dólares – também não chega a 12% do seu orçamento. 

“Percebemos a situação financeira do Met, mas tínhamos esperança de que encontrassem outra solução: este é um museu de importância mundial e que todos deveriam poder visitar, e não apenas os que podem pagar 25 dólares ou mostrar um atestado de residência”, diz a directora da Associação de Curadores de Museus de Arte, Judith Pineiro, concluindo: “É uma notícia triste."

A atenuar o efeito desta decisão, os novos bilhetes pagos darão direito a entrar, durante três dias consecutivos, nos três espaços do Met: a sede, na Quinta Avenida, os Claustros, um pólo do museu instalado numa colina sobranceira ao Hudson, no Norte de Manhattan, e especializado em arquitectura, escultura e artes decorativas medievais, e ainda o recente Met Breuer, dedicado à arte moderna e contemporânea, inaugurado em Março de 2016 num edifício da Madison Avenue desenhado pelo arquitecto modernista Marcel Breuer, do movimento Bauhaus, e outrora ocupado pelo Whitney Museum of Modern Art.

Daniel Weiss está consciente de que as receitas das novas entradas pagas obrigatórias não bastarão para fazer face aos desafios financeiros que o museu enfrenta – só as obras de renovação que estão a ser negociadas com a prestigiada equipa do arquitecto inglês David Chipperfield deverão custar cerca de 450 milhões de dólares –, mas defende que esta medida, que foi previamente consensualizada com o pelouro cultural da autarquia, dará ao Met uma fonte de financiamento estável num momento em que o financiamento público está em quebra e todos os museus americanos competem intensamente pelas doações privadas disponíveis.

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