“Ciclone-bomba” atinge a Costa Leste

A vaga de frio que dura desde o Natal já fez pelo menos 16 mortos nos Estados Unidos.

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LUSA/DESTINATION NIAGARA USA / HANDOUT HANDOUT
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Um “ciclone-bomba” atinge a Costa Leste dos EUA esta quinta-feira, como parte de um raro e mais vasto sistema meteorológico que atinge desde ontem o Sudeste, e que se junta a uma intensa vaga de frio que castiga boa parte do país desde o Natal.

Pelo menos 16 pessoas já morreram devido às baixas temperaturas nos quatro estados americanos mais afectados – Florida, Geórgia, Virgínia e Carolina do Norte, onde foi declarado o estado de emergência, e onde houve registo de queda de neve em áreas onde o fenómeno não era observado há várias décadas.

A situação deve piorar esta quinta-feira, com a formação de uma ciclogénese explosiva (que a imprensa norte-americana tem referido como um “ciclone-bomba”). É um fenómeno atmosférico em que um ciclone de média altitude se intensifica rapidamente devido a um decréscimo muito acentuado da pressão atmosférica num curto intervalo de tempo. Quanto mais baixa a pressão, mais intensa a tempestade.

A região da Nova Inglaterra (que inclui os estados do Maine, Massachusetts, New Hampshire, Connecticut e Vermont) será das mais afectadas, prevendo-se ventos fortes de até 90 km/h e camadas de neve de 15 a 30 centímetros que deverão obstruir as estradas.

Mas os nevões também continuam a ser esperados mais a sul. Numa conferência de imprensa, o governador da Carolina do Sul, Henry McMaster, avisa para se manterem os animais de estimação no interior. “Se não puderem ter acesso a calor, vão morrer congelados”, alerta McMaster. “E o mesmo acontece com as pessoas. É preciso ter cuidado com isso.”

O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA (NWS, na sigla inglesa) avisa que as condições extremas – que levaram neve a cair em Tallahassee, capital da Florida, pela primeira vez em três décadas – vão durar até ao final desta semana. “Devem evitar-se viagens perigosas e esperar-se falhas de electricidade e ventos fortes”, lê-se no alerta publicado no site da NWS. Como prevenção, foram cancelados mais de 2700 voos para vários estados dos EUA.

No final da semana passada, antes da vaga de frio se intensificar, o Presidente norte-americano, Donald Trump, tinha utilizado as baixas temperaturas que afectam os EUA para descredibilizar o combate às alterações climáticas. “No Leste [dos EUA], pode ser a noite de fim de ano mais fria de que há registo. Talvez pudéssemos usar um pouco do velho aquecimento global que o nosso país, não os outros países, iria combater pagando biliões de dólares. Agasalhem-se!”, escreveu Trump no Twitter.

Vários meteorologistas criticaram esta afirmação. O departamento de meteorologia do jornal The Washington Post explicou que o facto de os EUA serem a região mundial mais fria ao longo desta semana faz precisamente parte das anomalias causadas pelo fenómeno mais vasto das alterações climáticas. “Notem que o resto do mundo estará mais quente do que o normal. Que ninguém tente alegar que esta bolsa de frio nos EUA contraria o aquecimento global”, lê-se numa publicação daquele serviço no Twitter.

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