A segunda vez na história em que os clássicos só deram empate

O equilíbrio total nos confrontos directos entre candidatos ao título é uma raridade. Na única ocasião, antes da presente época, em que esse cenário se verificou, o FC Porto acabou por embalar rumo ao título.

Foto
Lance do jogo entre Benfica e Sporting da 16.ª jornada da I Liga de futebol Manuel de Almeida/Lusa

FC Porto, Sporting e Benfica repetiram nesta primeira volta do campeonato uma história ímpar, com 26 anos, em que os três crónicos candidatos se anularam nos respectivos confrontos directos, dando assim maior liberdade à intervenção de terceiros na decisão do título nacional.

Na única vez que um cenário idêntico se colocou, decorria a época 1991-92, culminada com a conquista do 12.º título de campeão nacional do FC Porto, pela mão do brasileiro Carlos Alberto Silva, em ano de estreia do técnico no então Estádio das Antas.

E, apesar de a diferença pontual ter atingido os dois dígitos no final do campeonato — com o Benfica a dez pontos e Boavista e Sporting a 12 —, o crivo era bem mais apertado à passagem da décima ronda, altura em que FC Porto e Benfica encerravam a minidiscussão entre os três “grandes”, sublinhada por três nulos. Esta é, de resto, a única variável desta cronologia, já que no Benfica-Sporting da 16.ª jornada, anteontem, houve golos (1-1).

Mas recuando ao último quartel do século passado, na época de estreia de Figo (Sporting), Timofte (FC Porto), Yuran e Kulkov (Benfica) no principal campeonato português, detecta-se uma tendência que pode ser determinante para os portistas, que então fecharam a primeira volta na liderança, com um ponto de vantagem sobre o Benfica. Situação que agora poderá repetir-se (com maior folga até) caso os “dragões” mantenham a vantagem para os rivais no fim da próxima jornada, cujos pratos fortes serão servidos no domingo.

A outra grande diferença entre a Liga de 1991-92 (com a vitória a valer dois pontos) e a de 2017-18 reside na intromissão de V. Guimarães, Boavista e até Desp. Chaves na habitual disputa reservada a candidatos. Uma ingerência salutar, refira-se, com as segundas linhas a alternarem na liderança do campeonato, pelo menos até “dragões” e “águias” assumirem o controlo definitivo.

Com o empate do último clássico, no Estádio da Luz, esta deixa de ser uma ocorrência única para assumir-se apenas como rara, peculiaridade que se estende ao campo dos treinadores, cuja tendência dos últimos anos confirma a afirmação cabal dos técnicos portugueses, um pleno nas Ligas profissionais. Em 1991-92, para além do portista Carlos Alberto Silva, havia ainda o benfiquista Sven-Goran Eriksson e o sportinguista Marinho Peres no comando dos três “grandes”. Hoje só há portugueses.

Uma diferença vincada entre a performance que se registava em 1991-92, à 16.ª jornada, e a que se verifica hoje prende-se com o número de golos. O FC Porto, que nessa altura da temporada já liderava a prova, apresentava então uma defesa de betão, somente com um golo sofrido — a proeza foi alcançada pelo Marítimo, que impôs aos “dragões” a única derrota na primeira volta. Do outro lado do campo, porém, os números ficavam muito aquém dos obtidos pela versão actual dos “azuis e brancos”: 20 marcados contra os 41 desta época.

Se os três primeiros clássicos da Liga, há 26 anos, não tiveram direito a golos, o cenário mudou drasticamente na segunda volta, com o FC Porto a sair por cima. Os “dragões” derrotaram o Sporting, em Alvalade (0-2), e o Benfica, na Luz (2-3), acelerando rumo ao título. Aos “encarnados”, o triunfo sobre os “leões” (2-0) não serviu para mais do que ajudar a segurar o segundo lugar.     

Sugerir correcção
Comentar