A aldeia que pagava para ter novos habitantes não tem dinheiro para tantos candidatos

Em 2017, Albinen prometeu pagar 21 mil euros a quem se mudasse para a localidade. Mas afinal, “só um em cada cem candidatos poderão ser considerados aptos”. É que as regras são bem mais apertadas do que foi inicialmente noticiado.

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A autarquia suíça considera que a cobertura mediática foi "enganadora" VASILE COTOVANU

Afinal, os cidadãos estrangeiros sem visto de residência permanente não se podem candidatar a viver na pequena aldeia de Albinen, uma localidade situada no cantão suíço de Valais que queria atrair novas famílias para combater o despovoamento, propondo pagar 21 mil euros a quem estivesse disposto a mudar-se.

Em Novembro de 2017, a proposta invulgar das autoridades de Albinen gerou um turbilhão mediático internacional e a aldeia suíça recebeu “inúmeras candidaturas de todo o mundo”. Na altura, falava-se apenas de um critério de idade (ter menos de 45 anos), a obrigatoriedade de permanecer na aldeia durante dez anos e de construir uma casa na localidade.

Mas os requisitos são afinal ainda mais apertados. A autarquia diz agora que "só um em cada cem candidatos poderão ser considerados aptos, devido aos critérios rigorosos do regulamento”, segundo se lê num documento partilhado pela autarquia, que entretanto teve de publicar três comunicados em três línguas que não o alemão: em inglês, espanhol e francês.

As autoridades de Albinen lamentam o que consideram ter sido uma cobertura "enganadora" por parte da imprensa internacional e sublinham que a aldeia tem recursos financeiros reduzidos. Logo, não poderá pagar a todos os candidatos.

Para além do visto de residência permanente (o visto C), que é reservado a estrangeiros que vivam na Suíça de forma ininterrupta há pelo menos cinco anos (no caso de cidadãos da UE, EFTA, EUA e Canadá) ou dez (para cidadãos não abrangidos pelo caso anterior), os candidatos têm ainda de provar que farão um investimento mínimo de 200 mil francos suíços (cerca de 170 mil euros) na região (o que pode ser alcançado através da compra ou construção de uma casa, ou do recurso a um crédito à habitação naquele valor).

A juntar a tudo isto, os candidatos seleccionados terão de viver em Albinen durante, pelo menos, dez anos. Se não o fizerem, terão de devolver o valor que foi pago pela autarquia.

Com este programa, muito mais exigente do que foi incialmente anunciado, a aldeia conta atrair entre cinco a dez novas famílias nos próximos anos, o que consideraria ser “um êxito notável no fomento activo da construção de habitações”.

O objectivo da iniciativa era combater o despovoamento de um município com cerca de 240 habitantes que fica a duas horas de comboio da capital helvética, Berna. Apenas cinco dos moradores de Albinen estão em idade escolar, o que obrigou a autarquia a encerrar a escola local. 

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