Gestmin vai expandir-se no negócio dos postos de combustível

O grupo, dono da OZ Energia, vai entrar no capital de uma rede de retalho e tornar-se num “operador mais global”.

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João Bento, presidente executivo da Gestmin Ricardo Lopes

O anúncio oficial do negócio está por semanas, mas a estratégia está desde já identificada: a OZ Energia, do grupo Gestmin, vai entrar no capital uma empresa detentora de uma rede de postos de combustível “com algum significado”.

A informação foi adiantada ao PÚBLICO pelo presidente executivo do grupo Gestmin, João Bento, que, no entanto, não adiantou o nome do operador com quem se irá aliar e que o irá ajudar a crescer nos combustíveis (onde também está presente como grossista).

O grupo criado por Manuel Champalimaud (filho de António Champalimaud, detém 70% do capital da empresa, a que se soma as participações dos filhos) já opera neste sector, mas detém apenas 15 postos de combustível.

Com este novo investimento, diz João Bento - que gere o grupo há pouco mais de dois anos -, a OZ Energia vai entrar “num outro patamar” do sector. No início deste ano, a empresa já tinha anunciado a compra dos 50% que a Teixeira Duarte tinha na Digal (mantendo-se no capital a Arcolgeste, de Artur Caracol), o que lhe permitiu crescer no negócio do gás propano canalizado.  

Por outro lado, a Digal deu-lhe acesso ao Terminal Marítimo de Aveiro - além do da Trafaria onde já estava presente -, e permitiu à empresa passar a comprar gás directamente no mercado internacional.

Actualmente, a OZ Energia, que está também no negócio do gás engarrafado (é o quarto maior operador) e de combustíveis para aviões, é o maior negócio da Gestmin, com 114 milhões de euros de proveitos operacionais em 2016.

O grupo, que em termos de participações financeiras detém 11% dos CTT, o que o torna no seu maior accionista (detêm ainda uma pequena posição na REN, depois de ter sido o seu terceiro maior investidor), está também presente na logística agro-alimentar e nos moldes e plásticos, além de outros pequenos negócios (como turismo e imobiliário).

Aposta no México

Só em 2016, os dividendos provenientes dos CTT e da REN geraram 7,4 milhões de euros para a Gestmin. Para trás ficou a aposta nas telecomunicações, depois de, em 2013, o grupo ter vendido à Altice os perto de 35% que detinha na Oni.

A diversificação do portefólio permite ao grupo dispersar o risco, ao mesmo tempo que tenta também diminuir a exposição ao mercado nacional. Para já, isso está a ser feito no negócio dos moldes e dos plásticos, onde entrou em 2014 com a compra da GLN.

Dois anos depois, em 2016, comprou outra empresa, a Famoldes, e entrou no México, no Estado de Querétaro, onde construiu uma fábrica de injecção de plástico, ligada à produção automóvel neste país. “A ideia é crescer bastante mais no México, organicamente e sem dar passos maiores do que a perna”, diz João Bento.  

Hoje, debaixo da holding para o sector, a GLN, o grupo detém duas fábricas de moldes e três fábricas de plástico, integradas, com o presidente executivo a afirmar que a empresa está presente “em toda a cadeia de valor”, apostando nas peças complexas. “Somos capazes de conceber uma peça, projectar o molde, construir o molde, injectar a peça em grande escala… há poucas entidades assim”, sublinha João Bento.

Com uma facturação de 30 milhões em 2016, cerca de metade do negócio da GLN tem por base a indústria automóvel. Os outros 50% estão divididos entre indústria electrónica e packaging, destacando-se aqui a fabricação de cápsulas de café para a Delta.

“Somos um dos seus dois fornecedores, fazemos mais de 200 milhões de cápsulas por ano e estamos a crescer com a Delta nessa área”, refere o gestor, que, antes de assumir a gestão da Gestmin foi presidente executivo da Efacec e administrador da Brisa. No futuro, adianta, “a ideia é apostar em mais um sector, o de utensílios médicos.”  

Com proveitos operacionais de 150 milhões e lucros de 11 milhões em 2016, o grupo, que é responsável por cerca de 500 postos de trabalho, controla ainda os silos de Leixões, um dos seus negócios mais antigos. A concessão destes silos, onde se faz o armazenamento de cereais e que estiveram ligados à Silopor, foi ganha em 2006 por um período de trinta anos.

Por aqui passam cerca de 800 mil toneladas de produtos agro-alimentares. No caso da Silopor, a concessão da empresa tem sido marcada e adiada por vários governos, incluindo o actual. “Mantemos a opção de um dia olhar para a Silopor se for esse o caso”, diz João Bento.

Para já, a prioridade do gestor é “apostar na eficiência” dos negócios que compõem hoje o grupo Gestmin.

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