Os blocos deste muro podiam fazer foguetões

Um adulto, três grupos de petizes sinceros e um “novo” brinquedo. O entusiasmo infantil de quem espera uma surpresa prometida rapidamente desvanece quando, erguido o pano que o esconde, surge um amontoado de pequenos blocos cinzentos encaixados entre si, ao estilo dos Legos: é um muro. “Não se pode fazer nada com isto”, reage uma das crianças. “Não gostam do muro?”, pergunta o mais velho, para obter uma resposta unânime: “Não”.

 

Na verdade, este não é um anúncio a um brinquedo rejeitado pelo público-alvo, mas sim um vídeo do Esperanza Immigrant Rights Project, um escritório de advocacia sem fins lucrativos localizado em Los Angeles, nos Estados Unidos. Há 15 anos que o projecto tem apoiado “os imigrantes mais vulneráveis” daquela área metropolitana, principalmente os que se encontram detidos e sem possibilidades de contratar um advogado particular. A instituição actua para “educar, defender e prestar serviços de advocacia a imigrantes” através de acções de formação e workshops. Segundo o Business Insider, nos primeiros 100 dias do governo de Trump, o ICE (divisão de Imigração e Âlfandega dos EUA) deteve cerca de 55 mil pessoas, das quais 24 mil não-criminosas.  

 

Com o muro a erguer-se na fronteira que separa os EUA do México, há crianças que mostram infinitos destinos para blocos de plástico: foguetões, parques e “casas fantásticas”. Como dizem os mais novos, consegue-se construir algo “mais divertido” a partir de uns quantos blocos (de plástico ou de cimento), sem que um muro os separe. Donald Trump diz que a construção seguirá, porque "é isso que o povo americano merece", mas o lema do Esperanza Immigrant Rights Project propõe uma alternativa: "Ajudar a construir o futuro, não muros".