Adolescente palestiniana acusada de agressão agravada contra soldados israelitas

A jovem de 16 anos tornou-se um símbolo de luta da Palestina contra Israel.

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Ahed Tamimi é uma activista contra a ocupação israelita desde os 13 anos Reuters/AMMAR AWAD

Ahed Tamimi tornou-se um símbolo de força para os palestinianos depois de ter tentado bater em dois soldados israelitas fortemente armados. As imagens, que se tornaram virais, mostram a jovem palestiniana de 16 anos a aproximar-se dos militares com uma outra rapariga, sua prima, e a tentar acertar com as mãos, fechadas em punho, na cara de dois soldados. A adolescente palestiniana foi detida a 18 de Dezembro, três dias depois de ter agredido os soldados. Nesta segunda-feira, as autoridades israelitas acusaram Ahed de 12 crimes, incluindo agressão agravada aos soldados, detalham a BBC e a Reuters.

Este vídeo ganhou tal dimensão que um colunista do jornal de esquerda israelita Ha’aretz disse que o país arriscava torná-la a “Joana d’Arc da Palestina”.

De acordo com os israelitas, os soldados estariam a evitar que palestinianos atirassem pedras aos motoristas. Nas imagens, Ahed ordena aos soldados que saiam da entrada de sua casa, depois de, alegadamente, uma bala de borracha disparada pelos soldados israelitas ter atingido um dos seus primos, com 14 anos, que teve de ser sujeito a cirurgia. Face à sua inércia, avança contra eles.

Do lado de Israel, a versão é diferente. “Tamimi atirou-lhes pedras, ameaçou-os, impediu-os de cumprir o seu serviço, integrou protestos e incentivou outras pessoas a juntar-se a ela”, descreve o exército de Israel na sua conta de Twitter. Além disso, os israelitas defendem que as balas foram disparadas como resposta às pedras atiradas pelos manifestantes palestinianos durante um protesto.

Gaby Lasky, advogada de Ahed Tamimi, acredita que vai conseguir reduzir o número de acusações, mas a Justiça israelita deverá lutar pela pena máxima. “Tenho a certeza que a vão querer manter presa durante o maior período de tempo possível, porque não querem vozes da resistência fora da prisão”, disse Lasky à Reuters, no tribunal militar.

O episódio aconteceu na pequena localidade de Nabi Saleh, na Cisjordânia, onde desde que Donald Trump anunciou que os Estados Unidos reconheciam Jerusalém como capital de Israel, a violência dos protestos marca o quotidiano de palestinianos e israelitas.

Os palestinianos que vivem na Cisjordânia ocupada estão sujeitos à lei marcial imposta pelos israelitas, que suspendem as leis locais e se sobrepõem a elas, por motivos de segurança. De acordo com a ordem militar aprovada em 2010, a idade mínima de responsabilidade criminal é de 12 anos.

A família de Ahed é conhecida por, durante os protestos, provocar os soldados e filmar a sua reacção. Há dois anos, Ahed mordeu a mão de um soldado israelita que agarrava um rapaz palestiniano por este ter alegadamente atirado pedras ao exército.

Já no domingo, a sua prima, Nour Tamimi, foi acusada de distúrbios e agressão a soldados no cumprimento do seu dever. A mãe de Ahed, que filmou o momento e partilhou o vídeo no Facebook, também foi acusada.

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