Ordem dos Médicos admite situações complicadas e graves na urgência de alguns hospitais

Caos no atendimento e longos tempos de espera foram denunciados pela Ordem dos Enfermeiros Presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo visita as urgências.

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Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos Paulo Pimenta

A Ordem dos Médicos assume que há situações anómalas e graves nas urgências de alguns hospitais nos últimos dias, embora não generalize o panorama a todas as unidades do país. Este sábado a Ordem dos Enfermeiros denunciou longos tempos de espera em algumas unidades, dando o exemplo do hospital de Faro onde os utentes terão aguardado mais de 20 horas para serem atendidos.

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A Ordem dos Médicos assume que há situações anómalas e graves nas urgências de alguns hospitais nos últimos dias, embora não generalize o panorama a todas as unidades do país. Este sábado a Ordem dos Enfermeiros denunciou longos tempos de espera em algumas unidades, dando o exemplo do hospital de Faro onde os utentes terão aguardado mais de 20 horas para serem atendidos.

"Na última semana houve algumas situações complicadas", afirmou, este domingo, o bastonário dos Médicos, Miguel Guimarães, em declarações à agência Lusa. Um dos casos é o do hospital de Vila Nova de Gaia, que teve nos últimos dias "uma afluência muito elevada" de utentes à urgência e que tem 24 pessoas internadas no serviço de urgência.

"Isto, por exemplo, é caótico, de facto", comentou Miguel Guimarães. O bastonário dos Médicos disse que a administração da unidade pediu junto do Ministério para activar o plano de contingência que permitiria usar 20 camas extra, mas o pedido ainda não foi autorizado.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho assegurou, este domingo, à Lusa que o serviço de urgência está "a funcionar regularmente, dentro do expectável para o período do ano", e que os "tempos-alvo de espera estão a ser cumpridos".

No hospital Padre Américo (Vale do Sousa), o bastonário diz que no sábado o tempo de espera para doentes com pulseira laranja chegou a estar "cinco, seis ou sete vezes acima" dos 10 minutos definidos para estes doentes considerados urgentes e deu ainda nota de "excesso de doentes" no hospital de São João, com "os tempos de espera a aumentar", chegando a ultrapassar as duas horas para as pulseiras amarelas, definidas com uma espera até uma hora.

Miguel Guimarães deu ainda o exemplo do Hospital de Faro, onde refere que nos últimos dias se chegaram a registar esperas de 20 horas nas urgências. Exemplo que já tinha sido dado pela bastonária dos enfermeiros, Ana Rita Cavaco, no sábado. A mesma disse não se tratar de caso únicos enumerou outras unidades onde os tempos de espera foram longos, levando-a a traçar um cenário de “caos”.

O administrador do Hospital de Guimarães acusou, este domingo, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros de "agitar o fantasma do caos" nos serviços de urgência e assegurou que naquela unidade "os tempos de espera estão perfeitamente sob controlo". Já a Administração Regional de Saúde do Centro disse que as urgências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra têm tido nesta época do ano uma procura idêntica à registada no mesmo período de 2016.

Para Miguel Guimarães, "o ministro da Saúde não preparou os serviços atempadamente" para este período de Inverno e de aproximação da gripe. Defendeu que todos os agrupamentos de centros de saúde deviam ter uma ou duas unidades sempre abertas até à meia-noite, com alguns meios complementares de diagnóstico disponíveis, uma forma de dar resposta a doentes agudos e aliviar urgências hospitalares.

O novo presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, desloca-se este domingo à tarde os hospitais de Santarém e Tomar, “para avaliar as condições de acesso e atendimento nos serviços de urgência e a sua articulação com os cuidados primários e com a Linha SNS 24”, adiantou o organismo em comunicado.