Grávida morta a tiro por agente da polícia na entrega de pernil

A mulher foi atingida por um tiro disparado de forma “indevida”, chegado ao hospital já sem sinais de vida.

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A Venezuela tem sido palco de confrontos e manifestações nos últimos tempos LUSA/MIGUEL GUTIÉRREZ

Um membro da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) matou a tiro neste domingo uma mulher grávida durante a entrega de pernis de porco subsidiados pelo Estado venezuelano a oeste de Caracas, segundo um relatório policial a que a Efe teve acesso.

De acordo com o documento, um grupo de pessoas estava "à espera dos benefícios sociais concedidos pelo governo [pernil]" e "tornaram-se violentos", de modo que "uma comissão da Guarda do Povo se dirigiu ao lugar para pedir-lhes que voltassem para as suas casas".

Nesse momento, "uma das autoridades militares, fazendo uso indevido da sua arma, efectuou disparos contra a multidão, ferindo a vítima, que foi levada para o hospital mais próximo onde chegou sem sinais vitais", refere a polícia no relatório, citada pela Efe.

Cerca de 20 camiões carregados de pernis de porco entraram neste domingo na Venezuela provenientes da Colômbia para entregar o produto que o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu distribuir aos cidadãos na época natalícia, mas que não chegou a muitas zonas do país, informaram os meios de comunicação locais.

"Temos aproximadamente uns 30 veículos, mas 20 deles cruzaram a fronteira. Cada camião leva entre 24 e 28 toneladas de pernil de porco", afirmou à rádio Caracol Alirio Parra, um dos condutores que vai levar este produto para Caracas.

Os camiões estavam estacionados desde sexta-feira passada na zona industrial da cidade fronteiriça de Cúcuta à espera de receber a autorização sanitária do Instituto Nacional de Vigilância de Medicamentos e Alimentos (Invima) para poder levar cerca de 1500 toneladas de pernis para a Venezuela. "Chegámos há dois dias a Cúcuta e estávamos à espera das autorizações para poder cruzar a ponte internacional", acrescentou Parra.

Adiantou que membros da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar da Venezuela) disseram aos camionistas colombianos que tinham "todas as garantias para passar" e que iriam ser escoltados porque "necessitavam com urgência do produto".

Maduro assegurou na passada quarta-feira que os pernis prometidos aos venezuelanos não chegaram ao país no Natal devido a uma "sabotagem" de Portugal, acusação que Lisboa rejeitou. Um dia depois, o ministro da Agricultura Urbana da Venezuela, Freddy Bernal, disse que a Colômbia tinha retidas 2200 toneladas de pernil na fronteira.

Nos últimos dias sucederam-se vários protestos em zonas humildes de distintos pontos do país devido à falta do pernil de porco natalício prometido por Maduro a seis milhões de famílias beneficiárias da iniciativa.

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