Cala-te, Bono

Apetece invocar as palavras imortais do espectador que num concerto dos U2, quando Bono começou a bater palmas e explicou que cada vez que batia palmas morria uma criança em África, gritou: "Então deixa de bater palmas, porra!"

Bono deu mais uma entrevista à Rolling Stone (é melhor abrir uma janela) em que opinava que a música "está muito girly e isso até tem aspectos positivos mas, neste momento, fora o hip hop, não há onde exprimir a raiva dos jovens machos — e isso não é nada bom".

A análise mais certeira e hilariante que li foi a de Alex Robert Ross para o site noisey. Ross avisa "se tem menos de 40 anos, a entrevista vai deixá-lo envergonhado. E se passou a última semana a evitar conversas sobre temas actuais com os seus pais de 50 ou 60 e tal anos, a sensação ser-lhe-á familiar".

Bono é um grande cantor e letrista e é com certeza muito boa pessoa — que mais se pode pedir, right? Mas apetece invocar as palavras imortais do espectador que num concerto dos U2, quando Bono começou a bater palmas e explicou que cada vez que batia palmas morria uma criança em África, gritou: "Então deixa de bater palmas, porra!"

Bono numa só frase consegue ofender brancos e negros de todas as idades e géneros. É obra para quem emprega um inteligentíssimo ex-político escocês (Douglas Alexander)  para ajudá-lo a ser politicamente correcto.

Os homens brancos cisgénero e heterossexuais estão tão violentamente sobre-representados na música popular que é obsceno lamentar que só os homens negros cisgénero e heterossexuais têm oportunidade de exprimir a tal raiva jovem, fresca e masculina que anima a música branca desde Buddy Holly e os Beach Boys.

E a sub-representação dessa enorme maioria que é o resto da população mundial?

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