Duas boas notícias

Não há democracia saudável sem bom jornalismo. Espero, também aqui, que 2018 continue a seguir as excelentes pisadas de 2017.

Quem escreve nos jornais costuma ser dado a discursos pessimistas, mas sendo esta uma época festiva proponho olhar para as más notícias de uma perspectiva positiva, usando dois exemplos emblemáticos que vão com certeza marcar 2018: a confusão instalada na Catalunha e a sucessão de casos grandes e pequenos que têm fustigado o Governo e que certamente se irão intensificar com a aproximação das legislativas de 2019.

Ninguém pode adivinhar o que vai acontecer na Catalunha em 2018, mas há algo que me tem surpreendido: a total ausência de violência no meio de uma situação caótica. Aqui há 20 ou 30 anos seria impensável que um impasse político desta dimensão, envolvendo partes extremadas e discursos nacionalistas, não descambasse nalguma forma de violência — ainda para mais na sanguínea Espanha. Há algo de novo nesta coabitação de radicalismo com pacifismo que merece ser celebrado e que espero que se mantenha em 2018.  

Na vertente nacional, queria elogiar a qualidade do escrutínio jornalístico dos últimos meses. No meio de um discurso catastrófico sobre o futuro do jornalismo esquecemo-nos de ver o que de bom está a acontecer à nossa volta: uma nova dinâmica introduzida por projectos online como o Observador ou o Eco; a necessidade de meios tradicionais como o PÚBLICO ou o Expresso responderem a esse desafio; a revalorização das reportagens de investigação na TVI e na SIC. Não há democracia saudável sem bom jornalismo. Espero, também aqui, que 2018 continue a seguir as excelentes pisadas de 2017.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários