Sonhos de uma noite de inverno

No que diz respeito ao Médio Oriente, faço votos para que o próximo ano assista à emergência de novas lideranças.

O que espero do próximo ano? Em primeiro lugar que sejam tiradas lições deste ano 2017, em particular sobre o papel social do Estado. O Estado português não protege os seus cidadãos, principalmente os mais carentes. Não é de agora, é uma longa tradição de décadas: intervém onde não deve e não o faz onde e quando é indispensável.

Gostaria, em segundo lugar, que as elites financeiras do país interiorizassem a ideia da sua responsabilidade perante a sociedade à qual também devem o seu próprio sucesso económico – ou seja, o desenvolvimento do mecenato, nomeadamente na esfera cultural.

Outra preocupação prende-se com a Europa e a União Europeia, hoje impotente perante a radicalização e o extremismo que ocupam um espaço crescente. Tolhida pelo “politicamente correcto”, tornou-se incapaz de combater os populismos dos extremos da direita e da esquerda e o antissemitismo, em particular do islamismo radical. Neste campo, o que eu espero para o próximo ano é que a UE tenha mais coragem na defesa dos seus próprios valores, hoje em queda livre.

No que diz respeito ao Médio Oriente, faço votos para que o próximo ano assista à emergência de novas lideranças, nomeadamente israelitas e palestinianas, mais viradas para as suas populações e com a coragem de assumir compromissos que possam um dia levar a uma coexistência pacífica. Seria um exemplo para uma região mergulhada na violência, no fanatismo e na corrupção.

Finalmente, que 2018 veja surgir em Lisboa o seu Museu Judaico. Para que o grande público possa conhecer a longa, atribulada e muito rica história de um milénio de presença judaica nesta terra que também é sua.

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