PSI-20 fecha 2017 com ganhos acumulados de 15%

Principal índice bolsista foi dos que mais cresceram na Europa.

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Alguns analistas esperam que continue a crescer em 2018, mas em ritmo "menos pujante" REUTERS/Rafael Marchante

O principal índice bolsista de Portugal, o PSI-20, fechou 2017 com uma valorização de 15%, o que significa uma inversão de tendência, depois da queda de 11% registada em 2016. Trata-se de um aumento acima dos principais índices europeus, num ano em que pela positiva se destacou a Mota-Engil. Pelo contrário, as acções dos CTT foram as mais penalizadas e, num outro plano, o BCP se tornou a cotada com mais peso.

Para alguns analistas contactados pela Lusa, a valorização acumulada pelo PSI-20 acompanha a evolução da economia, a melhoria dos custos de financiamento do Estado e do rating da República, facto que tem grande impacto no mercado accionista.

Já quanto a cotadas, o destaque do ano é a construtora Mota-Engil, que subiu 127% em termos acumulados, fechando nos 3,67 euros por acção.

O gestor da corretora XTB Nuno Mello considera que esta valorização resulta do facto de a empresa ter apresentado “melhores resultados do que os analistas estavam à espera” e tem a ver também com o facto de os novos contratos assinados para obras em diversos países criarem boas perspectivas para o futuro.

João Lampreia, do Banco Big, sublinha que este título esteve “deprimido” nos últimos anos, salientando alguma reversão da tendência negativa com a melhoria dos resultados da empresa, desfecho que capta a atenção dos investidores.

Em sentido contrário, a empresa dos CTT – Correios de Portugal foi a que mais caiu este ano, com uma desvalorização superior a 45%. O preço por acção situa-se agora nos 3,51 euros.

Segundo João Lampreia, os CTT (privatizados em 2014) têm sido penalizados pelos investidores devido à redução “das margens na actividade core – correio tradicional e logística/embalagens” e por os resultados do banco CTT estarem a falhar os “objectivos definidos pela administração”.

Nuno Mello, por seu lado, destaca ainda o facto de a empresa ter cortado nos dividendos, o que também penalizou o título.

Os CTT, que tiveram lucros de 19,5 milhões de euros até Setembro – menos 57,6% do que no período homólogo de 2016 –, anunciaram recentemente um plano de reestruturação que passa pela saída de 800 trabalhadores nos próximos três anos.

Ao nível do PSI-20, os analistas destacam ainda a evolução do BCP, cuja cotação subiu mais de 40%, fechando o ano nos 0,27 euros por acção.

A suportar esta evolução há o significativo aumento de capital feito pelo banco no início do ano e a reestruturação que tem levado a cabo, com redução das imparidades.

Ainda este ano, o BCP voltou a tornar-se a cotada com maior peso no PSI-20 (cerca de 16%), destronando as energéticas Galp e EDP.

Com bons desempenhos fecharam ainda as empresas ligadas à indústria de papel Altri (34%), Semapa (33%) e Navigator (30%), beneficiando do crescimento das receitas e da margem, com impacto nos resultados.

Uma subida menos expressiva teve a Galp, com 8% no acumulado do ano, facto que está relacionado com a queda do preço do petróleo, ao passo que a EDP cedeu mesmo 0,31%. Já a retalhista Jerónimo Martins valorizou 9,87%.

O ano do PSI-20 fica ainda marcado pela saída do BPI, após a aquisição do banco pelo espanhol Caixabank, no âmbito da Oferta Pública de Aquisição, estando agora no índice geral, e pela saída de bolsa da Caixa Económica Montepio Geral, com a tomada de controlo de todos os títulos pela Associação Mutualista Montepio.

Face às praças europeias, o PSI-20 foi dos que mais cresceram em 2017, ao acumular ganhos de 15,15%. Contudo, é importante notar que vinha de uma situação mais negativa.

Paris valorizou 9,26%, Londres subiu 7,63%, Frankfurt ganhou cerca de 12% e Milão cresceu 13,7%. Já o índice europeu Eurostoxx subiu cerca de 7%.

Para 2018, os mesmos analistas esperam que o PSI-20 continue a subir, mas a um ritmo menor do que o registado em 2017.

“Espero que tenhamos um bom início de ano, mas a evolução depende muito da valorização dos índices americanos, que estão em máximos históricos. E depende de como Trump [o Presidente dos EUA] irá aplicar a reforma fiscal, e do comportamento do dólar nos mercados”, diz Nuno Mello, considerando que se houver uma “fraqueza” dos mercados americanos, o PSI-20 será dos primeiros índices a ceder.

João Queiroz, do Carregosa, também espera que o índice português valorize em 2018, mas admite que “pode não ser com um ritmo tão pujante” como em 2017. Destaca que o ano novo está cheio de incertezas, desde logo devido a eleições em diferentes países (Itália, Brasil) e à mudança de presidente da Reserva Federal norte-americana.

Ainda assim, espera que algum choque negativo possa ser suportado “pela rede” constituída pelo programa de estímulos do Banco Central Europeu, que vai reduzir a sua acção neste âmbito.

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