Aplicação de Snowden transforma telemóvel em sistema de vigilância

Objectivo é detectar intrusos em espaços como uma divisão da casa ou um quarto de hotel.

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Edward Snowden denunciou as práticas de vigilância em massa da NSA NUNO FERREIRA SANTOS

Edward Snowden criou uma aplicação que transforma um telemóvel num sistema de segurança caseiro, que pode detectar se alguém está a tentar espiar o utilizador. Chama-se Haven e utiliza o microfone, câmara, e o acelerómetro do telemóvel (que mede a inclinação e movimento do aparelho) para vigiar qualquer espaço, como um quarto.

Snowden, o antigo técnico da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) que está radicado na Rússia, revelou abusos cometidos pela agência norte-americana na vigilância dos cidadãos. Agora, o objectivo é ajudar pessoas de todo o mundo sentirem-se mais seguras. O único requisito para usar a Haven é um telemóvel extra, que tem de ser Android.

“A ideia é garantir que podemos confiar nos espaços físicos à nossa volta”, explica Snowden em entrevista à revista Wired. A Freedom of Press Foundation, uma organização que defende a liberdade de expressão, ajudou-o a desenvolver o projecto. Snowden compara o resultado final com um “cão de guarda que se pode levar para qualquer hotel”.

Há uma versão para iOS a ser desenvolvida, mas, até lá, a equipa do projecto recomenda "comprar um telemóvel Android barato por menos de 100 dólares [cerca de 85 euros] e utilizá-lo como o 'dispositivo Haven'". Toda a informação – que inclui filmagens e gravações áudio – é enviada automaticamente para o smartphone principal do utilizador. A aplicação também monitoriza mudanças na luminosidade.

Além de ser um "caça-espiões", há outros usos para a aplicação: é uma alternativa a uma câmara de segurança, e pode servir para monitorizar algumas situações sensíveis (por exemplo, recolher provas de violência doméstica).

Snowden reconhece que a aplicação não protege completamente os utilizadores de todo o tipo de intrusos, mas acredita que ao gravar e monitorizar a sua presença dá uma vantagem a possíveis vítimas. “[Os intrusos] passam a ter de se preocupar que qualquer telemóvel possa ser uma testemunha."

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