Nem sim nem sopas

Facilmente se adapta este sistema a filmes e outros prazeres. O gosto/não gosto é muito espartano, embora útil.

É divertido pensar na maneira como avaliamos filmes. A Google está a testar um modelo binário em que se gosta ou não se gosta de um filme. Tende a dar notas altas (83 por cento gostaram) mas são mais fiáveis do que as aldrabices do Rotten Tomatoes ou do imdb.

Já trabalhei n'O Independente com este sistema. Começou bem: as coisas ou valem a pena ou não valem a pena. Mas depois aparece um filme muito bom e acrescenta-se um "vale mesmo a pena". Depois começa-se a pensar nas penas. Ver um filme que dá na televisão não dá trabalho nenhum e, por conseguinte, o filme não tem de ser tão bom para valer a pena como um filme que requer que se visite um cinema e se compre um bilhete.

Assim se chega às 4 estrelas que, estritamente falando, não deveriam permitir meias-estrelas porque assim são 8 avaliações diferentes. Hugh Johnson, o autor de um indispensável guia anual de vinhos, gosta de se apresentar como um resistente à avaliação numérica. O grande inimigo - a quem nem sequer dá a satisfação de mencionar o nome - são os 100 pontos impostos por Robert Parker. No entanto, Johnson é o autor e praticante, nos Pocket Wine Books, dum excelente e útil sistema.

Na crónica dele no último World Of Fine Wine ele propôe um ainda mais simples. Zero é "não vale a pena". Um é "é bebível". Dois é "dá para beber um segundo copo", três é "um sim entusiasmado" e quatro é "um sim enfático".

Facilmente se adapta este sistema a filmes e outros prazeres. O gosto/não gosto é muito espartano, embora útil.

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