Área Metropolitana vai propor suspensão das portagens na CREP

Autarcas esperam conseguir aliviar, assim, o que dizem ser a situação "caótica" da Via de Cintura Interna

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Os acidentes têm-se tornado mais frequentes na VCI, diz Rui Moreira Rui Farinha / NFactos

Os municípios vão dar contributos e o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, vai coordenar esse trabalho para que, antes de Janeiro terminar, a Área Metropolitana do Porto (AMP) tenha uma proposta concreta para apresentar às Infra-estruturas de Portugal (IP) sobre o fim das portagens na Circular Regional Exterior (CREP). Nem que seja temporária. Os autarcas, reunidos no Conselho Metropolitano do Porto concordam (CmP) que esta é a melhor forma de pôr fim à situação “caótica” que se vive na Via de Cintura Interna (VCI), no Porto.

É um pedido que já se arrasta há meses, mas que ainda não conseguiu chegar a bom porto junto da IP. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e de Vila Nova de Gaia (que agora preside ao Conselho Metropolitano), Eduardo Vítor Rodrigues, já se reuniram individualmente com os responsáveis daquela empresa pública para tentar obter uma solução para o que Moreira diz ser a situação “caótica” que se vive na VCI, com “acidentes todos os dias” e um aumento “exponencial” do trânsito, causado por pesados que fogem às portagens da CREP e usam a VCI apenas como atravessamento.

Mas, reiteraram esta sexta-feira os dois aos outros autarcas da AMP, não tem havido uma resposta que vá ao encontro do que os municípios da região pretendem. “Olham mais para isto como uma oportunidade para portajar a VCI do que desportajar a CREP”, disse Eduardo Vítor Rodrigues, numa postura que diz ser “intolerável”.

Na reunião do CmP os autarcas acordaram, por unanimidade, que Marco Martins vai apresentar, ainda em Janeiro, uma proposta para ser levada à IP e ao Governo, que deverá traduzir aquilo que foi defendido por todos neste encontro: retirar as portagens da CREP, mesmo que seja temporariamente, para tentar canalizar para aí o trânsito que apenas recorre à VCI para atravessar a região, fugindo aos actuais pórticos, e complementar esse medida com o melhoramento da sinalética a indicar a CREP e medidas que inibam a passagem de tráfego pesado na circular do Porto. Os autarcas acreditam que a verba perdida não será significativa ainda que, disseram o socialista de Gaia e Moreira, não lhes tenha sido facultado dados sobre essa matéria pela IP.

O líder do CmP diz estar “convencido que é mais caro fugir às portagens, pelas paragens sucessivas e perda de tempo [na VCI]”, mas que é necessário que os condutores se apercebam disso, passando a utilizar a CREP – o que só será conseguido sem portagens. “É preciso mudar rotinas, hábitos. Se se suspendesse as portagens na CREP por um ano, tínhamos um laboratório de ensaio para perceber [como corriam] estas mudanças de comportamento”, disse Eduardo Vítor aos jornalistas, após a reunião.

Todos os autarcas se mostraram solidários com esta solução e apenas o vice-presidente da AMP e presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, Emídio Sousa, defendeu que os autarcas seriam melhor sucedidos junto da IP se integrassem estas medidas “num plano geral de transportes da AMP”. Mas, ressalvou: “Concordo com esta decisão”. Já Rui Moreira deixou a indicação que, se não houver uma solução concertada com a IP, “o Porto tomará medidas autónomas relativamente à VCI”. O autarca disse que essas medidas poderão passar pela inibição do tráfego pesado em determinadas horas, já que, defendeu: “A situação actual é insustentável”.

Durante o encontro os autarcas ficaram ainda a saber que o lançamento do concurso para a obra o Liceu Alexandre Herculano, no Porto, está a aguardar que o arquitecto Alexandre Alves Costa apresente o projecto final que adeqúe o pré-existente ao valor da empreitada que foi, de facto, apresentado a uma candidatura de fundos comunitário, na ordem dos oito milhões de euros. Este projecto estará “em fase de conclusão”, disse Rui Moreira.
Já o presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, deixou uma sugestão para os autarcas abordarem já em Janeiro – a criação de um projecto integrado no âmbito da economia circular dedicado aos resíduos da construção e demolição. O autarca pretende assim acabar com os resíduos que, diz, muitas vezes acabam “na beira de estradas” ou em locais isolados, seguindo o seu destino e reutilização para novos fins.

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