Poupança dos portugueses volta a cair para um novo mínimo

Capacidade de financiamento das famílias diminui em relação ao que se passava até ao final do segundo trimestre.

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A capacidade de financiamento das famílias corresponde a 0,8% do PIB português Nuno Ferreira Santos

A taxa de poupança dos portugueses continua em trajectória descendente – voltou a diminuir entre Julho e Setembro, baixando para um valor equivalente a 4,4% do rendimento disponível das famílias, o que representa o valor mais baixo em quase 20 anos. É, segundo os números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), um novo mínimo desde o início de 1999. Embora já se tenham registado números mais baixos, eles acabariam por ser revistos, pelo que a taxa conhecida nessa sexta-feira corresponde neste momento ao valor mais baixo da série de dados do INE.

O conceito de poupança mede a fatia do rendimento disponível das famílias que não foi despendido em consumo, mas sim consagrado à compra de activos ou à redução de passivos. No ano terminado no terceiro trimestre (o período que vai dos últimos três meses de 2016 até Setembro de 2017), a poupança foi de 5763 milhões de euros, enquanto o rendimento disponível bruto ascendeu a 129.908 milhões de euros, o que coloca essa taxa de poupança em 4,4%, um ponto percentual abaixo dos três meses anteriores e dois pontos atrás do valor que se registava um ano antes (6%). O valor mais baixo registara-se no início de 2016, quando a taxa de poupança atingira os 5%.

O consumo das famílias aumentou mais do que o rendimento disponível, se se compararem as tendências homólogas. Ao mesmo tempo, a “capacidade de financiamento das famílias diminuiu para 0,8% do PIB no ano acabado no terceiro trimestre de 2017, reflectindo o aumento da despesa de consumo final e a diminuição do rendimento disponível” face ao que acontecera até ao segundo trimestre.

O valor do rendimento disponível baixou face ao valor que se registava até finais de Junho, mas continua a ser superior ao que se observava um ano antes, em Setembro de 2016.

O que aconteceu foi que, no terceiro trimestre deste ano, embora o valor global das remunerações tivesse continuado a subir, houve um aumento mais acentuado do valor pago em impostos pelo conjunto dos contribuintes face ao que se passara no período que ia até meio do ano. Isto tem a ver com o facto de, este ano, os reembolsos dos IRS terem sido pagos pela autoridade tributária mais cedo do que em 2016, fazendo com que essa antecipação se reflicta agora nos números do terceiro trimestre.

A redução do rendimento disponível das famílias, explica o INE, “resultou principalmente do aumento em 8,4% dos impostos sobre o rendimento pagos pelas famílias, que mais do que compensou o aumento de 0,9% das remunerações recebidas”. O instituto estatístico afirma que esse aumento dos impostos sobre o rendimento “reflecte sobretudo o efeito de compensação da redução dos impostos pagos no ano terminado no segundo trimestre, causado pela antecipação de reembolsos do IRS comparativamente ao verificado em 2016”.

Com estes efeitos, a capacidade de financiamento das famílias encolheu e passou a corresponder a 0,8% do PIB português, o que se explica simultaneamente com o facto de as despesas das famílias terem aumentado na mesma altura em que esse rendimento disponível diminuiu.

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