Clássica: o melhor do ano

Escolhas de Diana Ferreira.

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Jorge Peixinho

Grupo de Música Contemporânea de Lisboa

la mà de guido (LMG2147)

A importância deste novo trabalho do Grupo de Música Contemporânea de Lisboa prende-se com a dimensão da obra do seu fundador, Jorge Peixinho (1940-1995), cujo catálogo vê agora complementadas seis obras por registos sonoros, cinco dos quais em primeira gravação absoluta.

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9

Georges Aperghis

Remix Ensemble
B. Brönnimann, direcção + V. Pereira, clarinete
P. Rundel, direcção + A. Karttunen, violoncelo
Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música
P. Rundel, direcção + T. Anzellotti, acordeão

Casa da Música (CdM026)

A Casa da Música (CdM) dedicou um álbum monográfico a Georges Aperghis (Atenas, 1945), com três obras gravadas ao vivo por agrupamentos da casa – duas em primeira gravação mundial, uma encomenda e outra co-encomenda da CdM: Babil (1996), para clarinete e 15 instrumentos; Bloody Luna (2004), para violoncelo e agrupamento; Concerto para acordeão e orquestra (2015).

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8

W. A. Mozart: Requiem em Ré menor, K626

Sophie Karthauser, Marie-Claude Chappuis, Maximilian Schmitt e Johannes Weisser (vozes solistas)
Freiburger Barockorchester, RIAS Kammerchor
René Jacobs, direcção

Harmonia Mundi (HMM902291)

Também disponível em LP, este álbum lançado em Outubro oferece uma nova leitura de uma das mais célebres obras que o compositor austríaco não chegou a concluir. O trabalho que Sussmayr empreendou a terminar a partitura de Mozart foi agora refeito pelo jovem arranjador Pierre-Henri Dutron, resultando numa orquestração mais leve aqui com a assinatura interpretativa de René Jacobs.

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7

Zuguambé Capella Sanctae Crucis

Tiago Simas Freire, direcção
Música de Agostinho da Cruz, Diego de Alvarado, D. Jorge, Pedro de Cristo e tradicional

Harmonia Mundi (HMN916107)

Caso muito feliz de interna/cionalização é o notável disco da Capella Sanctae Crucis, agrupamento dirigido pelo cornetista Tiago Simas Freire que reúne músicos de diversas nacionalidades e que traz à luz do dia um conjunto de manuscritos inéditos do século XVII, preservados nos fundos do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, em interpretações viciantes e plenas de vida.

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6

Wintersongs Chaya Czernowin

International Contemporary Ensemble
Steven Schick, direcção; Jeffrey Gavett, barítono; Kai Wessel, contratenor

Kairos (0015008KAI)

Num ano em que três editoras diferentes lhe dedicam álbuns monográficos, a compositora Chaya Czernowin (Haifa, 1957) estreia-se na Kairos com um conjunto de peças compostas entre 2004 e 2014, que integram os ciclos Wintersongs (II, IV e V) e Five Action Sketches (I, II, IV e V), testemunhando um percurso dinâmico em constante transformação.

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5

Haydn – Quartetos Sol, Op. 20 Nos 4-6 (Vol. 2)

Chiaroscuro (quarteto de cordas)

BIS (BIS2168 SACD)

O segundo volume dos Quartetos Sol, op. 20 de Haydn testemunha a singularidade do jovem Quarteto Chiaroscuro, agrupamento caracterizado por um som transparente e imaculado, despido de excessos, oscilando entre enérgicos impulsos de luz e de escuridão, com virtuosismo e um certo grau de liberdade.

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4

BWV ...or not?

Gli incogniti
Amandine Beyer, violino e direcção

Harmonia Mundi (HMM902322)

Se as obras aqui presentes são ou não da autoria de Bach, a dúvida poderá nunca vir a ser totalmente desfeita. Já a qualidade da interpretação e do registo sonoro são indiscutíveis neste álbum que supostamente reúne assinaturas como a de Johann Sebastian mas também de Carl Philipp Emanuel Bach, Johann Gottlieb Goldberg e, eventualmente, Silvius L. Weiss e J. G. Pisendel.

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3

Grigory Sokolov, piano

Mahler Chamber Orchestra + Trevor Pinnock: Concerto para piano nº 23, de W. A. Mozart [2005]
BBC Philharmonic Orchestra + Yan Pascal Tortelier: Concerto para piano nº 3 de S. Rachmaninov [1995]

Deutsche Grammophon (4797015)

Reunião de dois registos ao vivo, o álbum lançado em Março inclui um raro documentário sobre o príncipe dos pianistas (em DVD), que há alguns anos deixou de tocar com orquestra. A gravação do Concerto nº 23 K 488, de Mozart, recorda a surpreendente primeira passagem de Sokolov pela Casa da Música, também em 2005, com o mesmo maestro: Trevor Pinnock.

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2

Krystian Zimerman, piano

F. Schubert: Sonatas para piano D959 e D960

Deutsche Grammophon (4797588)

Krystian Zimerman diz tudo de forma inequívoca e sem qualquer tipo de afectação, como se tivesse chegado a um entendimento directo com o “velho” jovem Schubert para desvelar a essência das suas duas últimas sonatas. O pianista que viaja com o seu próprio piano demonstra, neste registo transparente, o porquê da atenção ao mais ínfimo detalhe.

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1

Crazy Girl Crazy

Barbara Hannigan voz e direcção
Ludwig Orchestra
Música de Berio, Berg e Gershwin

Alpha (ALPHA293)

Barbara Hannigan (Nova Escócia, 1971) é uma artista portentosa, em primeiro lugar música, mas também cantora, dotada de uma voz extraordinariamente versátil, e maestrina. A escolha das obras que inlcui neste álbum que a Alpha lançou em Setembro reflecte bem o seu espírito original, comprometido com a modernidade.

O disco é monográfico: Hannigan é a personagem principal. Mas ao escutá-lo a nossa atenção recai sobre a música, tão sensual é a sobriedade da abordagem aos três autores, distintos entre si. Gershwin empresta o título ao disco, com uma suite do musical Girl Crazy (1930) aqui arranjada por Billy Elliot. É difícil imaginar Hannigan a dirigir e cantar em simultâneo, mas é o que acontece neste registo e em todos os concertos em que acumula as funções de solista e maestrina. O coro que não aparece mencionado é afinal composto pelos próprios instrumentistas da Ludwig Orchestra. A Suite Lulu (1934), de Alban Berg, de que Hannigan exibe um íntimo conhecimento, é a obra central do disco. Porém, a grande pérola é a Sequenza III que Luciano Berio compôs, em 1965, para a voz de Cathy Berberian e de que a cantora canadiana tão bem soube apropriar-se, emprestando-lhe a sua límpida, brilhante e equilibrada voz. 

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