Um país mais ecológico

As redes de conhecimento que as instituições de ensino superior podem criar e apoiar são parte da prescrição que precisamos para contrariar o rumo de abandono e de desigualdade a que assistimos.

Um país mais ecológico valoriza o conhecimento e a decisão informada, a construção de soluções colectivas e sustentáveis, o compromisso de longo prazo e a eficiência. Um país mais ecológico elege o ordenamento, a valorização do território e dos recursos naturais, a conservação das paisagens e da biodiversidade, o bem-estar e a felicidade das comunidades residentes.

Um país mais ecológico privilegia a sustentabilidade e qualificação dos cursos de água, o ordenamento de uma floresta produtiva e multifuncional, em harmonia com as comunidades, e a diversidade dos sistemas agrícolas, respeitando os distintos contextos socio-ecológicos, e incentivando práticas e consumos de proximidade.

Um país mais ecológico é um embaixador ativo da Agenda 2030, mobilizando todas as instituições públicas e privadas, e a sociedade em geral, para um compromisso colectivo pelo desenvolvimento sustentável. As alterações climáticas, o crescimento demográfico, a gestão dos recursos hídricos e dos bens alimentares, a proteção dos oceanos, os serviços dos ecossistemas, são questões cada vez mais complexas, e as escolhas exigem uma ampla responsabilidade social e um forte empenho da ciência e da academia.  

Um país mais ecológico preserva a sua identidade e valoriza-se por inteiro; é firme no combate às lógicas individualistas que condicionam o progresso, inviabilizam soluções articuladas entre freguesias, municípios e regiões, e inibem a aposta nas estratégias de desenvolvimento integrado que o país reclama.

Um país mais ecológico é também aquele que aposta na coesão do território de forma programática, consistente e progressiva, com a atuação cúmplice de todos os sectores da governação e na base de um amplo compromisso político, combatendo o centralismo paralisante, a desigualdade e os desequilíbrios territoriais, impondo inteligência no desenho das políticas públicas, e eficiência e solidariedade na utilização e partilha dos recursos. Um país mais ecológico é mais justo, e procura garantir as necessidades básicas em saúde, alimentação e educação para todos, salvaguardando o bem-estar ambiental, social e económico.

As instituições de ensino superior devem contribuir com o conhecimento gerador de riqueza, mas também como agentes dinamizadores dos territórios em que se inserem, designadamente alimentando e fomentando a fixação de jovens qualificados e criativos. Entendo que as redes de conhecimento que as instituições de ensino superior podem criar e apoiar são parte da prescrição que precisamos para contrariar o rumo de abandono e de desigualdade a que assistimos. Neste sentido, é da maior importância a modernização e valorização dos institutos politécnicos, apoiando a investigação nestas instituições e as sinergias que devem estabelecer e alimentar com a atividade económica local e regional.

Em toda esta dinâmica em rede, a administração local tem um papel essencial. É importante identificar e alinhar projetos de investimento, com rigor e critério, com eficácia, apoiados em metodologias expeditas de execução, procurando fomentar e diversificar o emprego, e valorizando os recursos endógenos. Uma rede que não esquece as pessoas, em especial os mais frágeis, identificando e procurando solucionar os seus problemas, garantindo o acesso aos serviços públicos essenciais, da saúde à educação, da justiça à cultura, privilegiando os valores da ecologia, da igualdade, da paz e do bem-estar coletivo.

A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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