Candidato a juiz federal retira-se depois de prestação desastrosa no Senado

Antigo membro do Comité Eleitoral Federal foi nomeado por Trump. Ouvido no Senado, revelou a sua inexperiência.

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Matthew Petersen foi incapaz de responder às perguntas DR

Em Setembro, Matthew Petersen foi escolhido por Donald Trump para ser candidato ao cargo de juiz distrital de Colúmbia, deixado vago por Richard W. Roberts. Na quarta-feira, 13 de Dezembro, foi submetido a uma audição no Comité Judicial do Senado. Porém, foi incapaz de responder às perguntas sobre procedimentos legais relacionadas com as funções que iria desempenhar. Na segunda-feira anunciou que desistia.

No início da sessão, o senador republicano que conduziu a audiência, John Kennedy, começou por perguntar aos cinco candidatos – entre os quais estava Matthew Petersen – se não tinham julgado um caso criminal em tribunal. Apenas Petersen, de 47 anos, levantou a mão. “Cível?”, tenta novamente Kennedy. “Não”, responde Petersen. “Penal? Estadual? Federal?”, insiste o senador republicano. Visivelmente nervoso e incomodado, Peterson respondeu “não” de todas as vezes. “Alguma vez recolheu um testemunho?”, tentou novamente Kennedy. E Petersen respondeu negativamente.

Kennedy – que apoiou Trump na campanha eleitoral – ia acenando com a cabeça a cada resposta e seguia de pergunta em pergunta, enquanto Petersen hesitava e gaguejava ao tentar justificar as respostas negativas. Kennedy tentou abreviar – explicando que cada um dos candidatos teria apenas cinco minutos – e interrompeu as explicações para saber quando tinha sido a última vez que Petersen lera as Normas Federais de Processo Civil. “Todas? Na Faculdade de Direito”, retorquiu o candidato de Trump, dizendo que houve “momentos na Comissão Eleitoral Federal que levaram a consultar o documento”.

“Só para esclarecer: sabe o que é uma moção in limine [exclusão de um testemunho]?”. “Provavelmente não lhe saberia dar uma boa definição neste momento”, disse Petersen.

As imagens da sessão foram partilhadas pelo senador democrata Sheldon Whitehouse e o embaraçoso questionário tornou-se viral na Internet, com as críticas à falta de preparação de Petersen a multiplicaram-se. O The New York Times descreveu-a como uma das audiências “mais dolorosas” de que há memória em tempos recentes.

A Casa Branca defendeu Petersen. “Petersen passou cerca de uma década como comissário de uma importante agência federal a supervisionar o tipo de problemas de que o tribunal distrital federal em [Washington] trata”, argumentou um porta-voz da Casa Branca, Hogan Gidley, citado pela CNN.

“Não surpreende que os opositores do Presidente estejam a tentar desviar as atenções das pessoas do sucesso nas nomeações judiciais, que num ano incluem o Supremo Tribunal de Justiça e 12 extraordinários juízes”, continuou.

Numa carta dirigida ao chefe da Casa Branca, Petersen afirma que “sabe como funciona a política” e não quer “continuar a ser uma distracção” ao trabalho do Governo, uma vez que não considera que isso seja “justo”. “Espero que as minhas quase duas décadas de serviço público tenham mais peso do que os meus dois piores minutos em televisão”, resumiu o antigo membro da Comissão Eleitoral Federal.

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