CTT cortam salários de gestores e travam aumentos para trabalhadores

Os Correios vão aplicar fortes medidas de contenção de custos, no âmbito do plano de transformação operacional anunciado hoje, nomeadamente cortes salariais, congelamento de prémios e redução de gastos com fornecedores.

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evr enric vives-rubio

Os CTT, liderados por Francisco Lacerda, anunciaram hoje ao mercado uma reorientação estratégica abrangente, que inclui desde redução operacional até à contenção com gastos salariais e com fornecedores. 

Na componente salarial, os Correios comunicaram "25% de redução da remuneração fixa do presidente do conselho de administração e do presidente executivo e 15% de redução para os restantes membros executivos e não executivos do conselho de administração em 2018 (versus os níveis actuais)". 

Adicionalmente, na mesma apresentação divulgada aos investidores, é anunciado que "não haverá lugar a remuneração variável para a comissão executiva referente a 2018 (nem em 2017)".

No que diz respeito aos restantes trabalhadores, ficam limitados os aumentos salariais "não obrigatórios para os colaboradores em 2018". Os Correios contam actualmente com pouco mais de 7000 trabalhadores, que também sofrerão uma "forte redução da remuneração variável (...) referente a 2017". 

No que diz respeito aos fornecedores dos Correios, a empresa revela que implementará uma "redução de gastos não relacionados com as alavancas de crescimento", dando como exemplo as áreas de "tecnologia de informação, rendas, utilities, comunicações e frota". Uma iniciativa que deverá ser suportada, segundo a mesma apresentação, "pela renegociação de contratos e racionalização da utilização de serviços/instalações". O objectivo de poupança anual, em 2020, é de cerca de 6 a 7 milhões de euros, com impacto nos resultados operacionais (EBITDA).

Estas medidas surgem numa altura em que os resultados dos correios estão a ficar aquém das expectativas, tendo mesmo gerado um alerta da administração sobre o não cumprimento das metas definidas previamente. Um contexto que levou a rever a política de dividendos dos CTT e que teve como consequência uma forte redução do valor da empresa em bolsa. 

Na comunicação divulgada ao mercado, a empresa reconhece mesmo que "a contínua substituição electrónica está a impactar os rendimentos operacionais, uma vez que os CTT estão ainda muito dependentes do Correio". Isto num momento em que "o sector postal está a passar por um processo de rápida diversificação, encontrando-se os CTT ainda na fase inicial de tal transformação".  Um processo que, explicam, se justifica pela "ainda limitada penetração das encomendas do comércio electrónico em Portugal e por o Banco CTT apenas ter iniciado a sua actividade em 2016". 

Assim, dado que "os resultados estão sob pressão desde meados de 2016", torna-se "indispensável um plano de transformação operacional abrangente", que inclui também um forte redução de postos de trabalho e o fecho de balcões. 

Entretanto, a implementação desta estratégia ficará a cargo do novo administrador financeiro, Guy Pacheco (antigo gestor da PT), que substituiu nessas funções André Gorjão Costa, que está de saída a meio de um mandato que só terminava em 2019.

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