Milionário palestiniano al-Masri detido na Arábia Saudita

O empresário, presidente do Arab Bank, foi detido na capital saudita durante uma viagem de negócios. As razões para a detenção não são claras, mas podem ter origens políticas.

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O Arab Bank está presente em 30 países dos cinco continentes REUTERS/Mohamed Azakir

O milionário palestiniano Sabih al-Masri, um dos empresários mais influentes da Jordânia (sendo presidente do maior banco credor da Jordânia, o Arab Bank), foi detido para interrogação na Arábia Saudita, depois de ter ido a Riad numa viagem de negócios, avança a Reuters neste sábado, citando fontes próximas de Masri.

A detenção de Masri acontece depois da maior purga às elites do território saudita da história recente, com efeitos nas esferas de negócios dos territórios jordanos e palestinianos, onde o milionário al-Masri soma grandes investimentos. No início de Novembro, o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman ordenou a detenção de 11 príncipes, quatro ministros e dezenas de outros responsáveis da elite do país.

Sabih al-Masri é um cidadão saudita com origens palestinianas. Foi detido nesta terça-feira após várias reuniões nas empresas que tem em sua posse, horas antes da sua viagem prevista de saída do país, dizem fontes ouvidas pela Reuters.

Masri é o fundador do grupo Saudi Astra que opera em diferentes indústrias, desde as telecomunicações à construção, à agro-indústria e à exploração de minas na região. “Masri estava a dirigir-se para o aeroporto quando lhe disseram que ele tinha de ficar onde estava e levaram-no”, disse uma fonte que acompanhou de perto a situação, pedindo para não ser identificada.

O empresário cancelou um jantar na capital da Jordânia, Amã, que estava marcado para quarta-feira (dia em que já deveria estar de regresso ao país). O jantar contaria com a presença de vários membros do Arab Bank e outros parceiros de negócio.

A Reuters tentou contactar, sem sucesso, tanto o milionário al-Masri como as autoridades sauditas. Algumas fontes próximas do empresário disseram que ele tinha sido aconselhado a não viajar para a capital saudita, após as dezenas de detenções que ocorreram no início do mês.

Razões políticas

As razões para a detenção de al-Masri não são claras, mas fontes políticas referem que as autoridades sauditas podem ter usado a detenção para pressionar o rei Abdullah da Jordânia a não comparecer numa cimeira muçulmana que aconteceu na semana passada, que tinha como objectivo discutir a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer oficialmente Jerusalém como capital de Israel.

Ainda assim, o monarca jordano – que tem criticado a decisão de Donald Trump – foi à conferência em Istambul. Já a Arábia Saudita tomou uma posição menos crítica quanto à decisão dos EUA, diz a Reuters, já que as suas relações melhoraram depois de Trump ter afirmado que o Irão, arqui-inimigo do país saudita, era responsável pela instabilidade na região.

Sahih al-Masri é presidente do Arab Bank desde 2012, altura em que Abdel Hamid Shoman se demitiu (a família de Shoman tinha fundado o banco em Jerusalém no ano de 1930). O banco ganhou prestígio pela sua resistência face à instabilidade política na região, tendo tido um papel importante ao apoiar o antigo líder palestiniano Yasser Arafat. O banco presidido por al-Masri está presente em 30 países mas é nos territórios palestinianos que tem maior influência; detém também 40% do ANB, banco nacional da Arábia Saudita.

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