Escola tem nova casa prometida, depois de uma década em contentores

Pais queixam-se de falta de condições. Câmara diz estar a aguardar visto final do Tribunal de Contas para avançar com a construção de uma nova escola.

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Os contentores vão desaparecer e a escola Rui Gaudêncio
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Há três gerações que os alunos da Escola de São Domingos de Rana 2, em Cascais, esperam por uma nova escola que os retire dos provisórios contentores onde foram colocados. O que era uma solução temporária, há dez anos, acabou por se tornar definitiva. A câmara de Cascais quer avançar agora com a construção de uma nova escola, com jardim-de-infância, na Parede. Falta apenas o visto final do Tribunal de Contas, garante. 

Os encarregados de educação queixam-se da falta de condições em que perto de 100 alunos, do 1º Ciclo, estão a aprender. As reivindicações por uma nova escola são antigas, recorda José Tomás, antigo presidente da associação de pais, mas a sua construção foi sendo sucessivamente adiada.

“É uma escola provisória há 17 anos”, diz José Tomás, explicando que, já antes de terem sido transferidos para contentores, tinham estado seis anos a aprender em “barracões”, quando as aulas ainda decorriam nas instalações da  na Quinta de Rana.

Aguardando pela construção de um novo estabelecimento de ensino nesses terrenos, a Escola Básica de São Domingos de Rana 2 acabou transferida para contentores que ocuparam parte do recinto da Escola Básica 2,3 de Santo António, na Parede. Estávamos em 2006, explica o actual director do Agrupamento de Escolas da Parede, José Bentes Guerreiro, e “os alunos tinham de ir para qualquer lado”. 

“Já passaram por lá três gerações de miúdos. E não têm condições, não têm condições”, lamenta o director do agrupamento, assim como encarregados de educação, que se queixam do pouco espaço que as crianças têm para brincar e para as aulas de educação física. 

“A escola de Santo António não tem instalações cobertas para a prática de desporto. As aulas de educação física, quando começa o Inverno, ou não são dadas, ou é desmanchada parte do refeitório para ser dada a aula”, refere José Tomás. No ano passado, continua, "meteu água", durante o Inverno. "A única coisa que nós, como associação de pais, conseguimos foi que a câmara substituísse completamente os telheiros”, diz o antigo representante. 

Escola cedida à associação Cercica 

A autarquia afirma que o estabelecimento de ensino funciona nestes moldes “desde o ano lectivo 2011/2012” - e não há mais de uma década como se queixam os pais e a direcção do agrupamento.

Questionada pelo PÚBLICO, sobre o porquê de a escola funcionar há vários anos em estruturas provisórias, a câmara de Cascais refere que “houve necessidade de arrancar com as obras” de uma outra escola no mesmo local onde funcionava a E.B. 1 de São Domingos de Rana 2, antes de esta ter sido transferida para o logradouro da E.B. 2,3 de Santo António. Só que, entretanto, o empreiteiro faliu e a obra parou. “Devido à falência do empreiteiro e aos imperativos legais associados a essa circunstância”, a situação acabou por arrastar-se “mais do que o previsto e desejado”, nota a autarquia.

Essa escola acabou por ser entregue a outra instituição – a Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Cascais (Cercica). Essa cedência, explica a autarquia, foi feita por uma “dupla questão de racionalidade”: por um lado, aponta, “o edifício não corresponde às necessidades dinâmicas da rede escolar”; por outro, porque a Cercica, “uma instituição de enormíssimo relevo social no apoio à deficiência, necessitava de um espaço para lar residencial, centro de actividades ocupacionais e serviço de apoio domiciliário”. Uma estrutura que, segundo a autarquia, “o concelho precisa”.

O projecto, que aguarda o aval final do Tribunal de Contas, prevê “a substituição dos monoblocos onde actualmente funciona a E.B. 1 São Domingos de Rana 2”. Os contentores vão desaparecer, assim como a escola de Rana, que será agrupada com a E.B. 2,3 Santo António, dando origem a uma escola básica integrada, com jardim-de-infância.

Está prevista a construção de duas salas de jardim-de-infância e quatro do 1º Ciclo, sala de professores, sala de auxiliares, biblioteca e um campo de jogos desportivo, segundo informação enviada ao PÚBLICO.

O arranque das obras ainda não está definido, mas o prazo de execução da obra é de um ano. Implicará um investimento de dois milhões de euros, que será suportado em 75% pelo município e os “outros 25% pela candidatura ao Lisboa 2020”. 

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