Por este Douro acima

O leitor João Tiago Oliveira conta a sua experiência no Douro Vinhateiro.

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João Tiago Oliveira

Há uns anos era bem mais difícil chegar aqui, mas com o recente apetrechamento de infraestruturas do interior este cada vez se aproxima mais do litoral. Património Mundial pela UNESCO, e primeira região de vinhos demarcada do mundo, o Alto Douro Vinhateiro é uma região que já se afirmou também como zona turística. Desde a degustação de pratos regionais, prova de vinhos, alojamento turístico, pesca, caça e tours organizados, aqui não falta nada para uma boa semana de férias. Nós fomos testar isso mesmo com a DouroVou e o José Alberto, que nos levou a alguns dos lugares mais mágicos desta região.

Saindo do cais de Ferradosa (sim, porque não fomos de carro mas de iate), dirigimo-nos até à barragem da Valeira para apreciar as fragas do Douro. Esses muros de rocha que aconchegam o rio Douro, actor principal de um elenco composto também pelo coro de vinhas e vida animal da região, reduzem-nos à nossa mínima existência, pelo pequenos que somos, em idade e tamanho. O calor atípico deste Outubro transportava-nos também para o que terá sido a brasa deste Verão por ali. Atracando junto à margem ou numa praia fluvial e bem poderíamos complementar esta volta de barco com um mergulho ou um simples molhar de pés para refrescar.

Depois das fragas voltámos Douro acima, ultrapassados com alguma frequência com os cruzeiros que vêm do Porto carregados de turistas, ansiosos, como nós, para conhecer e visitar algo mais.

À medida que avançamos vamos descobrindo as quintas onde nascem as uvas e que dão origem a um dos vinhos mais conhecidos do mundo, o Vinho do Porto. Exemplo disso é a quinta das Vargellas (Taylors). José vai-nos explicando algumas histórias do Douro, intimamente ligadas às poderosas famílias que “socalcaram” esta região. Ele próprio tem uma relação sentimental e familiar com a região, o que nos ajuda a compreender melhor todos os pormenores. Vemos ainda a fraga amarela, a quinta do Vesúvio e a majestosa “casa” onde viveu Antónia Ferreira.

O rio parece um espelho. Com o passar do tempo, o apetite vai crescendo e aproxima-se a hora de almoço. Logo a seguir, paramos num cais por baixo de uma linha de comboios (Ribeira de Murça) e saímos do barco. Como que estranhando o solo rijo e poeirento, subimos um pouco até alcançarmos o restaurante Preguiça. É uma petisqueira e o menu é delicioso. Pode-se experimentar a sopa de peixe, o peixe frito e entrecosto grelhado. Os preços não são nada puxados e com vontade ficamos uma tarde a comer mais coisas boas.

De seguida, nada melhor que descansar junto aos bungalows, com a piscina e o Douro aos nossos pés, aproveitando o pôr do sol precoce do Outono.

Uma viagem que fica na memória.

João Tiago Oliveira

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