Júri pede pena capital para homem que torturou criança até à morte

O crime ocorreu em 2013, nos Estados Unidos, e chamou a atenção para as falhas dos serviços sociais. Mãe da vítima e quatro assistentes também serão julgados em processos separados.

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Imagem retirada da página de Facebook da comunidade que luta pela justiça por Gabriel DR

Em Maio de 2013, uma criança de oito anos, Gabriel Fernandez foi encontrada em casa inconsciente, com o crânio fracturado, costelas partidas e queimaduras na pele, em Palmdale, Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia. A equipa médica declarou morte cerebral no próprio dia e a criança morreu no hospital dois dias depois, a 24 de Maio. As autoridades concluíram que se tratou de crime, nomeando como suspeito Isauro Aguirre, que era, na altura, namorado da mãe do rapaz. Agora,  o júri do tribunal que julga o caso pede pena de morte para o homicida que, em Novembro, já tinha ouvido o tribunal a considerá-lo culpado de homicídio em primeiro grau.

Com 37 anos e 120 quilos de peso distribuídos por 1,90 metros de altura, o agressor trabalhava como segurança. Os episódios de tortura e agressões, de que a mãe da criança era cúmplice, eram frequentes e muito violentos e intensos. Segundo testemunhos feitos em tribunal, Isauro torturou repetidamente o pequeno Gabriel por acreditar que o rapaz de oito anos era homossexual. Em tribunal, o acusado nunca negou as acusações, mas alegou que a morte foi acidental.

O caso transformou-se num escândalo e alertou para o funcionamento dos serviços sociais da região. Como consequência, quatro assistentes sociais enfrentam um processo por negligência por não terem detectado nem avançado com qualquer intervenção no caso.

A 15 de Novembro, o júri composto por sete homens e cinco mulheres considerou Aguirre culpado. Nessa audiência, Jonathan Hatami, procurador do Ministério Público, detalhou que o homicida obrigava a criança a vestir roupas de menina, prendeu a vítima num caixote, fechou-o no armário e chegou mesmo a forçá-lo a comer fezes de gato e o próprio vómito. "É como se cada centímetro do corpo deste miúdo tivesse sido violado", declarou um paramédico ouvido em julgamento e que foi um dos que tentaram prestar assistência à vítima.

“Foi privado de comida, agredido, insultado e humilhado”, denunciou o procurador-geral, que considerou o crime como “um homicídio intencional com base na tortura”. A vida da criança foi comparada ao sofrimento de um prisioneiro de guerra.

Já a defesa, liderada pelo advogado Michael Sklar, argumentou que o episódio foi resultado de “um ataque de raiva, seguido de uma explosão de violência”, motivada pela ameaça de separação da mãe da criança, Pearl Fernandez, contam alguns media norte-americanos. 

Depois de lido o veredicto, o procurador do caso, Hatami, foi visto a chorar, abraçado ao pai biológico da criança. Na conferência de imprensa partilhou que também ele fora vítima de abusos enquanto criança.

Na quarta-feira, o júri recomendou a pena de morte. A sentença só será conhecida em Março de 2018. A mãe do rapaz será julgada num processo em separado, mas a acusação também pede a mesma pena.  

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