Números do actual Benfica remetem para a época de José Mourinho

Vitórias dos “encarnados” em 2017-18 são pouco mais do que 50% do total dos jogos e a defesa é uma das mais batidas do século.

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Derrota sofrida em Vila do Conde foi a oitava da temporada JOSÉ COELHO/LUSA

É uma evidência que os números só nos oferecem uma visão parcial da realidade, mas é indesmentível que a época do Benfica está longe de corresponder às expectativas do clube. A eliminação da Taça de Portugal, nos oitavos-de-final, só serviu para agudizar o retrato de um percurso que vai ao arrepio dos últimos anos e que nos remete para o início século. Em 2000-01, os “encarnados” apresentavam um registo semelhante, numa temporada de turbulência em que passaram três treinadores pelo banco, um dos quais José Mourinho.

Com o Natal praticamente à porta, Rui Vitória vê a contestação de alguns adeptos subir de tom, depois da derrota diante do Rio Ave, que significou o segundo adeus a uma competição em menos de duas semanas, depois do descalabro da Liga dos Campeões. É verdade que a exibição do Benfica em Vila do Conde foi das melhores que se viram nesta época, mas os sinais de retoma acabaram abafados pelo afastamento precoce de uma prova que as “águias” tinham conquistado na edição passada.

O treinador do clube reconheceu a necessidade de promover uma reflexão interna nesta pausa natalícia e os números estão aí para a justificar: 25 jogos realizados, apenas 13 vitórias (pouco mais de 50%), quatro empates e oito derrotas, 42 golos marcados e 28 sofridos. Tudo somado, terceiro lugar no campeonato à 14.ª jornada e, para além da Liga, só a Taça da Liga para discutir.

Vamos, então, a comparações. Um número superior de desaires, nas mesmas 25 partidas, só aconteceu por uma vez neste século, era Jorge Jesus o treinador — foi em 2010-11 e as “águias” somavam nove derrotas, com a diferença de não terem averbado qualquer empate, o que se traduziu em 16 vitórias. No que respeita aos golos, a equipa de então sofreu mais do que nunca desde o ano 2000 (29), mas marcou mais que a actual (46).

Foi, porém, antes da era Jesus no Estádio da Luz que os “encarnados” mais vacilaram no arranque de uma temporada. Aconteceu em 2008-09 (12 vitórias, oito empates e cinco derrotas), 2007-08 (12-7-6) e 2001-02 (11-10-4), mas a época de pior memória dos últimos 18 anos foi mesmo a de 2000-01. E é curiosamente aquela com números mais condizentes com os actuais.

Nessa viragem do século, o Benfica, ao cabo de 25 jogos, apresentava no currículo as mesmas 13 vitórias e rigorosamente os mesmos golos que a versão corrente, de Rui Vitória: 42 marcados e 28 sofridos. A diferença estava no número de empates e derrotas, então seis para cada lado. Tal como na época em curso, a desilusão europeia também foi tremenda, com as “águias” a serem eliminadas logo na primeira ronda da Taça UEFA, às mãos do modesto Halmstads. E, para não destoar, a equipa também acabou afastada da Taça de Portugal justamente nos oitavos-de-final, então pelo FC Porto.

A grande diferença (para além da qualidade do plantel, embora nessa altura o Benfica contasse com nomes como Robert Enke, Carlos Marchena, Karel Poborsky ou Pierre Van Hooijdonk) foi a performance no campeonato. Numa época em que passaram pelo banco da Luz Jupp Heynckes, José Mourinho e Toni, à 14.ª jornada os “encarnados” eram sextos classificados, com 24 pontos apenas (actualmente têm 33), e terminariam na mesma posição, a pior classificação de sempre do clube na competição.

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